terça-feira, julho 03, 2018

(DIM) «Infiltrado» de Brad Furman (2016)


Robert Mazur, polícia especializado em infiltrar-se em redes mafiosas, para as desmascarar e prender, escreveu um romance autobiográfico sobre uma operação, que decapitou uma boa parte da organização do colombiano Pablo Escobar, quando Reagan repetia a partir da Casas Branca a intenção de reprimir sem contemplações as redes de tráfico de droga. E, no entanto, elucida-nos uma das legendas finais que, nesse entretanto, a CIA servia-se de receitas dessa proveniência para financiar as operações dos Contras contra a Nicarágua. O que só demonstra o cinismo, senão mesmo a perversidade de uma superpotência, que ostenta públicas virtudes, para melhor esconder os vícios privados.
A história, ainda que bem estruturada, nada tem de surpreendente. Como de costume, o herói vive no dilema de arriscar a pele para satisfazer a obsessiva intenção de concretizar o melhor possível a sua missão, mesmo que isso implique a escassa atenção dedicada á família, nomeadamente à esposa em quem instila involuntários ciúmes. Mas há também a crescente empatia com os maus da história, por quem ele e a parceira da missão vão ganhando progressiva afeição. A tal ponto, que sentem compaixão, quando participam na emboscada fatal, concluída com a morte ou a prisão de muitos dentre eles.
O filme pareceu vocacionado para dar a Bryan Cranston a possibilidade de ser nomeado para os principais prémios cinematográficos, propósito em que não se terá visto bem sucedido. O que não admira tendo em conta o sucesso de outros títulos anteriores para darem com outra competência a explicitação de microcosmos similares.

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