domingo, julho 08, 2018

(DIM) «Cópia Conforme» de Jean Dréville (1947)


Dez anos depois este era o tipo de filmes que os críticos dos Cahiers du Cinema considerariam nulos de valor cinematográfico, apenas apropriados para a mentalidade conservadora da geração anterior. Mas esse «cinema à papa» tinha a função de divertir uma população ainda mal refeita de todas as vicissitudes passadas durante a Ocupação nazi. Para a maioria, que, ou colaborara com os invasores, ou se acomodara à sua presença, as comédias serviriam de lenitivo para a má consciência quanto á cobardia, que haviam revelado. Quanto à minoria, que resistira e vivera na clandestinidade ou nas diversas frentes de combate a intenção seria outra, a de possibilitar um futuro mais justo e igualitário, mas a Guerra Fria lançada pelos norte-americanos contra os soviéticos já estabelecera o ocidente europeu como coutada da NATO, razão para que todas as tentativas do Partido de Maurice Thorez para virar a seu favor a situação encontrava do outro lado uma resistência demasiado forte para ser vencida.
O filme de Jean Dréville é uma comédia tonta, como saíam aos magotes nos ecrãs dessa época, mas tinha uma qualidade não despicienda: a presença de Louis Jouvet, grande ator da época, apesar de ainda ser objeto de discussão a sua ambivalência perante as hordas de Hitler, uns afiançando quanto ao seu comprometimento indecoroso, outros apostando apenas na sua afirmação de apolítico, que em si mesma, constitui uma opção mais do que duvidosa.
Neste filme ele é Manuel Isamora, ladrão talentoso, que descobre ter um sósia, o que o leva a criar múltiplas identidades para melhor consumar os seus golpes...
Quem aprecia o filme refere sobretudo a qualidade dos diálogos de Henri Jeanson...

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