segunda-feira, julho 16, 2018

(DIM) «Lauren Bacall, sombra e luz» de Pierre-Henry Salfati (2017)


Ao pensarmos em Lauren Bacall é inevitável vê-la como metade do casal mítico, que formou com Humphrey Bogart com ele partilhando títulos fundamentais do filme negro da década subsequente ao final da Segunda Guerra Mundial. Além de «Ter ou Não Ter» - em que se conheceram e caíram literalmente nos braços um do outro, apesar dela apenas ter 19 anos e ele 44! - , deve-se-lhes creditar os imprescindíveis À Beira do Abismo», «O Prisioneiro do Passado» e «Key Largo». Era a época em que a apodavam de «The look», devido ao olhar magnético, acompanhado da voz grave.
Com a morte de Bogart, em janeiro de 1957, viu-se abandonada pelos estúdios de Hollywood, que não lhe reconheciam o talento e já contavam com novos e atraentes rostos para servirem de sedutoras no grande écrã. Ou estariam os donos dos estúdios a nela punirem a corajosa oposição às atividades do senador McCarthy, que havia encabeçado com Bogart, ficando protegida de retaliações pelo facto dele ser demasiado popular para se ver alvo de represálias?
Vingar-se-ia da afronta com uma trabalhosa, mas brilhante, ressurreição na Broadway, onde os seus desempenhos mereceram sucessos comerciais e prémios prestigiados.
Através de extratos de filmes, de imagens de arquivo e de entrevistas em ocasiões diversas, o documentário vai procurar Betty por trás da máscara de Bacall. Ao encontro, pois, da rapariga tímida e vulnerável, que não se conseguia ver no papel de mulher fatal com nervos de aço tal qual a formataram os realizadores com que se iniciara perante as câmaras.
Desaparecida em 2014, Bacall revelou até ao fim um humor lúcido ou não tivesse a correr em si os genes da sua origem judaica.

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