terça-feira, julho 10, 2018

(DIM) «O negócio do sangue» de Marie Maurisse, François Pilet e Pierre Monnard (2016)


Na Europa muito do sangue consumido em hospitais e clínicas provém dos Estados Unidos, onde grandes multinacionais aprovisionam-se junto de populações empobrecidas, que veem na venda do que lhe corre nas veias uma forma de complementarem os mais que exíguos recursos. Daí que se tenha chegado a um tempo em que o plasma sanguíneo, rico em proteínas, seja mercadoria mais valiosa do que o petróleo. É que utilizado na produção de dispendiosos medicamentos torna-se vital para a sobrevivência de milhões de consumidores endinheirados e desejosos de prolongarem tanto quanto possível a existência.
A empresa suíça Octopharma, lamentavelmente conhecida entre nós por circunstâncias, que desejávamos nunca tivessem acontecido, é uma dessas multinacionais cujos lucros excedem anualmente os mil milhões de euros. Tendo criado centros de recolha nas regiões mais pobres dos Estados Unidos, onde a «compra» de sangue é legalmente autorizada, aproveita-se da extrema necessidade de quem é pobre para conseguirem o precioso plasma, que revendem com lucros substantivos aos hospitais europeus.
Para além das questões morais envolvidas, a Octopharma e as três concorrentes, que com ela criaram um proveitoso cartel à escala global, não dão resposta satisfatória quanto aos riscos sanitários de um recolha de sangue efetuada numa população cuja saúde ficou prejudicada pelas carências em que vive.
De Cleveland à Suíça esta alarmante investigação revela a fileira complexa e desconhecida do plasma humano enquanto mercadoria. Graças a testemunhos de dadores norte-americanos os autores do documentário demonstram as falhas de um sistema industrial desumano. A denúncia destas práticas duvidosas também alertam para a liberalização do sistema de saúde europeu...

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