terça-feira, julho 17, 2018

(DIM) «Oleg y las raras artes» de Andrés Duque (2016)


Foi mesmo a tempo que o realizador venezuelano preparou e rodou este filme sobre um pianista e compositor russo particularmente icónico no seu país pois, apesar de proibido de atuar em público durante o regime soviético, usufruiu depois o privilégio de, todas as segundas-feiras, ter abertas as portas do Hermitage para tocar durante umas horas no piano, que pertencera ao ultimo dos czares. Até que, pouco depois da rodagem do filme, sucumbiria à sua já proveta idade (89 anos).
Oleg Karavaychuk revelara-se talentoso desde muito cedo: aos sete anos atuou tão convincentemente perante Estaline que, agradado com a arte do petiz, impediu a projetada deportação do pai dele para um gulag. Talvez por isso, se as opiniões por ele expressas a respeito de Putin são bastante negativas, já tomam sentido oposto quando se trata daquele que foi vilipendiado como um dos mais mal afamados ditadores do século XX. O que confirma o que eu próprio constatei, quando andei pela URSS na segunda metade dos anos 70: encontrei imensa gente a criticar Brejnev, depreciando-o em comparação com a genuína admiração pelo «pai dos povos». E, tanto quanto se vai sabendo, esse sentimento continua arreigado em muitos russos, que associam esse político à época de maior grandeza conhecida pelo seu país na sua História recente.
Eremita voluntário, Oleg correspondia à figura emblemática do misantropo, que teimava viver distante de todos os vizinhos, isolando-se numa ilhota onde não dispunha de eletricidade, nem de água potável. Andrés Duque empenhou-se em entrar-lhe nos espaços preferidos e ouvi-lo no muito que tinha para revelar...

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