segunda-feira, julho 23, 2018

(DIM) «Nos Idos de Março» de George Clooney (2011)


É um filme sobre a perda da inocência. Mas não dando lugar a sentimento mais lúcido e eticamente irrepreensível, pelo contrário largando à desfilada os piores defeitos de quem se confronta com a excecionalidade dos factos.
Stephen Meyers (Ryan Gosling) é um jovem assistente do chefe de campanha do governador Morris, que se prepara para as primárias democratas no Ohio contra o senador Pullman, por essa altura mais adiantado no número de delegados ao Congresso. Da vitória naquele Estado depende a possibilidade de Morris ainda conseguir o passaporte para a Casa Branca. Apesar da imprevisibilidade do futuro próximo Stephen trabalha na campanha por convicção, porque Morris é um político carismático, que muito admira.
Numa ausência do seu chefe - Paul, interpretado por Philip Seymour Hoffman - Stephen é convidado para um encontro quase clandestino com Tom Duffy (Paul Giamatti), que comanda a campanha oposta e o pretende convidar para mudar de equipa.
Stephen demora demasiado a contar a Paul esse encontro, que se torna num embaraço, sobretudo quando uma jornalista curiosa fica a saber dele. 
O mundo quase perfeito de Stevie começa a ruir por todos os lados: descobre que a colaboradora da campanha com quem dormira nos últimos dois dias, também tivera episódica relação amorosa com Morris e dele engravidara. Paul despede-o por considerar desleal o ter-se atrevido a aceitar o convite de Duffy. Este, depois de o ter aliciado em vão não o aceita, quando lhe surge com a promessa de uma estória bombástica, que acabaria com a carreira política do ex-patrão. E Molly aparece morta no quarto do hotel, havendo dúvidas se se suicidara, se ingerira acidentalmente dose excessiva de medicamentos.
Quando parece condenado a procurar emprego numa outra atividade, que não a política, Stevie joga a cartada decisiva, que vira o jogo a seu favor: tendo uma gravação e um bilhete comprometedores para Morris, exige-lhe o despedimento de Paul e a chefia da campanha, sem esquecer o convite do corrupto Thompson para vive –presidente.
Se o filme começava com Stevie a fazer testes de som num palco onde o candidato iria discursar nesse mesmo dia, também acaba com o mesmo tipo de cena, mas o rosto dele endureceu entretanto, nada restando da alegria inocente com que despachava a tarefa anteriormente.
Num filme cujo argumento acaba por não poupar quem quer que seja quanto às suas comprometidas atitudes, «Nos Idos de Março» é um dos títulos mais interessantes de entre os que George Clooney assinou.

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