domingo, julho 30, 2017

(DIM) Viajar no cinema francês com Bertrand Tavernier

O documentário de Tavernier promete ser uma das propostas cinematográficas mais interessantes deste verão, porque colide com a minha tendência valorativa de colocar no topo os títulos da nouvelle vague em relação aos que tiveram por autores Jacques Becker, Julien Duvivier ou Claude Sautet. Mas, como ressalta da abordagem de Tavernier havia mais solidariedade e generosidade naqueles filmes do que nos de Godard ou Truffaut, onde imperava quase sempre o individualismo, senão mesmo o narcisismo, mesmo que disfarçado por algum alter ego.

Nas peças jornalísticas que o «Ípsilon» desta semana dedica a este lançamento realça-se, igualmente, um dado importante, que ignorava: a razão porque Jean Gabin considerava Jean Renoir um génio enquanto realizador, mas uma meretriz enquanto pessoa. É que, depois de ter passado os anos 30 a revelar evidente proximidade com o Partido Comunista, o realizador de «Regra do Jogo» não enjeitaria revelar evidentes simpatias pelo governo colaboracionista de Pétain durante a Ocupação, conhecendo-se-lhe correspondência comprometedora com um dos principais ministros de então, conhecido por repelente antissemitismo.
O documentário de três horas dá-nos conhecimentos até agora indisponíveis, que permitem pôr em causa alguns conceitos cuja consistência não pressentíamos tão questionáveis.



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