sexta-feira, julho 28, 2017

(DIM) Exemplos práticos de capitalismo selvagem

Nos campos da Carolina do Sul impera a escravidão. Uma boa parte dos trabalhadores, que apanham fruta e legumes, são latino-americanos sem visto de residência, acumulados em atrelados e presos aos contratadores pelas dívidas acumuladas para ali chegarem.
Os ritmos diários são sobre-humanos e as noites demasiado curtas para recuperarem as dores do corpo. Às vezes incêndios matam-nos às dúzias nas barracas onde descansam e ninguém parece preocupar-se com  quantos ou quem eram. Para as famílias, deixadas lá longe, passam a ser ausências não explicadas, cuja saudade jamais poderá ser mitigada.
Para os donos das explorações a preocupação reside em produzir o máximo pelo custo mais barato possível, porque sofrem a pressão dos belmiros e dos pingosdoces locais, esmagando-lhes os preços até os lucros mínimos se converterem em insuportáveis prejuízos. Porque a globalização permite-lhes sempre arranjar mais barato, mesmo à custa de pegada ecológica insuportável para a frágil saúde do planeta.
Não deixa de ser inteligente a estratégia capitalista fundamentada na globalização: porque os consumidores ocidentais - eles próprios de cinto apertado por salários tendencialmente congelados - quererão sempre mais e mais barato e os seus operários e camponeses estão condenados a desaparecerem. Os velhos mecanismos coloniais reciclam-se em reluzentes efeitos neocoloniais com as grandes corporações monopolistas a substituírem-se à gula expansionista dos antigos Impérios.
È sobre tudo isso  que trata a terceira temporada de «American Crime». Como de costume, uma série televisiva para estômagos coriáceos, que suportem os muitos motivos de indignação suscitados por uma sociedade feita de atrozes injustiças. 

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