«O Jogo da Imitação» é a demonstração de como as verdadeiras mudanças não resultam da repetição empenhada das mesmas estratégias de sempre, mas da inovação que nelas se suscitam. Por isso mesmo quando, em plena Segunda Guerra Mundial, os tanques e a aviação alemãs avançavam por toda a Europa sem ninguém lhes fazer frente, houve quem apostasse num obscuro professor de Cambridge e na sua proposta para infletir o rumo das coisas com uma máquina a que, anos depois, chamaríamos computador.
A solução residiria em conseguir descodificar as mensagens dos comandos nazis de forma a antecipar-lhes os ataques. E, para isso, seria necessário desmentir a suposta perfeição do encriptador nazi «Enigma», que diariamente alterava a sua chave.
Apesar da oposição de alguns dos seus chefes diretos, Alan Turing conseguiu comprovar a tese de provirem de quem menos se espera a solução para os problemas mais complexos. E, se ele suscitava dúvidas em quem o conhecia pela personalidade controversa, quase autista!
Mas, num filme que corresponde a um longo flash back a partir das declarações do matemático ao polícia, que o mandara prender por suspeita de espionagem, e acaba por lamentar tê-lo sujeito a uma terrível condenação por homossexualidade, retira-se ainda outra conclusão possível: quando um problema se revela irresolúvel a solução poderá ser tão simples, que a posteriori só pode surpreender que não tenha sido, entretanto, descoberta. Como, por exemplo, a importância de uma expressão tão trivial como a de heil Hitler!
Nunca tendo até agora dado atenção ao currículo de Morten Tyldum como realizador, acabo por reconhecer a surpresa do seu talento para ir bem mais além do que a da criação de um filme de época com a qualidade habitual dos produtos ingleses. Já quanto ao desempenho de Benedict Cumberbatch não houve senão a confirmação do talento, que já lhe identificáramos em séries televisivas perduráveis por isso mesmo na nossa memória.
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