Em 24 de abril de 1915 os três paxás, que detinham o poder em Istambul depois da queda do Império Otomano, decidem esmagar as minorias no seu território e dão a ordem para iniciar o massacre dos arménios. Os homens tinham sido mobilizados para o exército e, depois de desarmados, foram fuzilados. Os velhos, as mulheres e as crianças foram enfileirados em longas caminhadas para o deserto na atual Síria, sem nada que comer ou beber, caminhando incessantemente até irem soçobrando pelo caminho. No saldo final de vítimas deste massacre contaram-se um milhão e meio de mortos.
Nestes cem anos entretanto decorridos, o poder político turco nunca aceitou reconhecer a existência desse genocídio. A assumpção de culpas a que os alemães foram sujeitos pelos crimes nazis, foi poupada aos assassinos dos arménios por razões hipocritamente políticas. Por exemplo, serem fiéis aliados dos norte-americanos na NATO nas últimas décadas e ninguém os querer incomodar com tal «pormenor» da sua História.
O filme «The Cut» de Fatih Akin procura romper com esse silêncio através da epopeia de um jovem artesão que consegue fugir do quartel para onde fora mobilizado e ir à procura da mulher e das filhas, entretanto já levadas para uma daquelas «marchas da morte». Nesse périplo descobre que as duas miúdas estão vivas, pelo que as irá procurar no Líbano, em Cuba e nos EUA.
Ainda que a crítica tenha torcido o nariz ao academismo do filme e ao argumento pouco imaginativo, não deixa de ser um acontecimento que seja um realizador de ascendência turca a enfrentar o negacionismo abjeto dos compatriotas dos seus próprios progenitores.
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