quarta-feira, janeiro 15, 2020

Diário das Imagens em Movimento: «Polícia e Ladrão» de Mario Monicelli e Steno (1951)


Em 1951 Tótó consegue superar a desconfiança da crítica que, até então, o olhava com a sobranceria de quem nele via pouco mais do que um palhaço, e torna-se tão reconhecido no seu talento, que o veríamos depois em filmes de grandes nomes da cinematografia transalpina como Pier Paolo Pasolini.
Mario Monicelli que, com Steno, assina a realização deste filme, também é considerado um dos seus grandes mestres, mas sempre o coloquei numa espécie de segundo pelotão algo distanciado dos que mais me impressionaram favoravelmente, E, no entanto, a ideia para esta rocambolesca perseguição pela Roma do pós-guerra proveio da sempre fértil imaginação de Federico Fellini. Assim como haverá que sublinhar a presença de Mario Bava como diretor de fotografia.
Tótó assume aqui o papel de um pai de família a contas com as dificuldades de garantir o sustento da prole, mesmo contando com os apoios provenientes do Plano Marshall. Nesse sentido a comédia ainda se integra explicitamente na escola neorrealista, que predominou no cinema italiano nesses anos.
Esposito, assim se chama o personagem, anda pelo Forum Romano com um cúmplice a vender falsas moedas da Antiguidade aos endinheirados turistas, que por ali se passeiam. Um deles reconhece-o, porém, durante a distribuição de víveres e fá-lo perseguir pela polícia na pessoa do sargento Bottoni, um papel confiado a outro grande ator da época: Aldo Fabrizzi.
Vendo o próprio emprego posto em causa pela negligência de que se vê acusado ao mostrar-se incapaz de meter o vigarista atrás das grades, Bottoni tira a farda e procura aproximar-se o mais possível da família do fugitivo, convencido de se tratar da melhor estratégia para alcançar o seu objetivo.
Quase setenta anos passados sobre a sua estreia, «Polícia e Ladrão» continua a ser tido como uma das melhores comédias italianas da década de cinquenta.
(o filme passa na Cinemateca no dia 16/1 pelas 19 horas)

Sem comentários: