terça-feira, janeiro 28, 2020

Diário das Imagens em Movimento: Eddie Murphy, Cantinflas e Fernando Namora na Cinemateca


O ciclo que a Cinemateca está a exibir durante este mês, subordinado aos Reis da Comédia dedica duas das sessões de hoje a realizadores e atores, que estão longe de colherem o meu especial agrado.  Na sessão da tarde exibir-se-á «Os Ricos e os Pobres», filme de um realizador que muito chegou a prometer quando dele começámos a conhecer-lhe as primeiras obras, mas depois banalizado o suficiente para se mudar sem glória para a televisão: John Landis.
Em 1983 Eddie Murphy conhecia o auge da sua aceitação como ator de sucesso nas bilheteiras, contracenando com Dan Ackroyd, que com ele havia pertencido ao elenco do programa televisivo «Saturday Night Live». A comédia resultava da troca de identidades entre um sem-abrigo e um milionário que sentiam na prática os modelos de vida de uns e dos outros. 
Landis tinha uma inegável cultura cinéfila e foi beber influências aos filmes de Howard Hawks ou Frank Capra no final dos anos 30  e inícios dos anos 40. Dessa época farta em excelentes títulos do género trouxe de volta ao ecrã dois dos grandes nomes de então: Ralph Bellamy e Don Ameche.
Numa das sessões da noite haverá Cantinflas na pele de Sancho Pança, tendo Fernando Fernan Gomez a dar-lhe a réplica. «Dom Quixote Cavalga de Novo» é de 1972 e tem Robert Gavaldón a assinar-lhe a realização.
Na época, o ator mexicano gozava de um enormíssimo êxito entre nós, mas pela parte que me cabe, nunca lhe achei grande piada, nem me motivei a rever-lhe os filmes para aferir se estava ou não equivocado.
Na sessão da tarde apresenta-se uma sessão integrada nas comemorações do centenário do nascimento de Fernando Namora, que estaria agora nessa idade com três dígitos se ainda fosse vivo. A história de «Retalhos da Vida de um Médico» era a de um jovem recém-formado que vai exercer Medicina para uma aldeia beirã conseguindo uma inegável empatia com a gente simples, que passa a conhecer e a quem presta os cuidados de saúde. O realizador foi um dos principais nomes da propaganda do Estado Novo (vide o seu «Chaimite», mas quando o regime começou a meter água por todos os lados, procurou dele distanciar-se. Neste filme podem-se reencontrar grandes atores, cada vez mais esquecidos, como Irene Cruz ou João Guedes.

Sem comentários: