sexta-feira, maio 11, 2018

(S) A Sinfonia «Leninegrado, hoje e amanhã na Gulbenkian


Peça sinfónica com enorme carga de simbolismo por transmitir em sons galvanizadores a gesta soviética contra a invasão nazi, a 7ª Sinfonia será interpretada hoje e amanhã no Grande Auditório da Gulbenkian possibilitando o reencontro com o talento imenso de Chostakovitch, o compositor preferido de Stalin, o que só abona a favor do tão denegrido líder, na realidade homem de cultura apreciador das artes musicais e da poesia.
Se o início do primeiro andamento é aprazível por dar conta de como a vida em Leninegrado era tranquila antes de iniciada a guerra - os anticomunistas primários não deixarão aqui de  lembrar as purgas de 1936 e 1937 - logo a orquestra ganha lento e crescente ímpeto com os naipes em progressivo avolumar do som das notas projetadas para toda a sala, transmitindo a ideia da aparente invencibilidade do avanço teutão. Composta enquanto a invasão prosseguia e Leninegrado ficava cercada, a obra seria interpretada na própria cidade, quando, com terríveis sacrifícios, ela se afirmava orgulhosamente intransponível ao invasor.
Tornando-se mítica tão-só composta e estreada, a obra veria Toscanini dirigi-la em memorável concerto nova-iorquino enquanto ato simultaneamente artístico e de propaganda, quando os Estados Unidos também tinham, finalmente, aderido à causa antifascista.
Por essas razões, mas sobretudo por se tratar da obra clássica, que escolheria como a preferida de entre as muitas do meu particular agrado, lá estarei uma vez mais a deleitar-me na hora e um quarto que ela dura, mesmo que dirigida por um maestro finlandês, cuja valia desconheço.

Sem comentários: