domingo, maio 27, 2018

(DIM) «Dead Souls» de Wang Bing (2018)


Há meia dúzia de anos um filme de Wang Bing impressionou-me pelo que revelava, mais do que pela originalidade da abordagem, que não era muito diferente de outros testemunhos do real: em «Três Irmãs» víamos três miúdas muito pequenas entregues a si próprias numa aldeia remota da China,  já que a mãe saíra de casa, desaparecendo sabe-se lá para onde, e o pai estava a trabalhar numa cidade distante só aparecendo de longe em longe.  Era uma imagem impressionante sobre um país, que me dera uma versão cosmopolita, quando vivera mês e meio em Xangai.
No seu projeto «Dead Souls» - longo documentário com oito horas de duração recentemente estreado em Cannes - o realizador volta a surpreender com os relatos de velhos chineses, que viveram a dura experiência dos campos de trabalho maoístas.
Embora fosse interessante enquadrar esses testemunhos no contexto da época dessas experiências carcerais - analisar História a posteriori pode valer pelo distanciamento, mas obnubilar pela estreiteza das ferramentas que a interpretem! - o filme adivinha-se promissor na expressividade de pessoas concretas que se viram sujeitas a crueldades injustas, tanto mais que a identificação dos «inimigos» do novo regime era quantas vezes ditada por critérios aleatórios.

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