sábado, março 10, 2018

(DL) Perspetivas sombrias


Volto aos contos inéditos recentemente publicados pelo «Expresso» e, depois de quatro focalizados nas relações familiares ou aparentadas, encontro a perspetiva da morte em dois da autoria de Nuno Camarneiro e de Isabel Rio Novo.
O primeiro assinou «Onde nos Viemos a Achar» em que vários europeus encontram-se na mesma circunstância de terem sido capturados por um grupo islâmico e desconhecerem qual o destino que os espera. A estória tem o mérito de recordar como, apesar de terem saído das notícias televisivas, este tipo de situações perdurarem para além do desaparecimento do Califado com sede em Raaqa. Sobretudo na África subsariana continuam a existir situações similares à descrita nesta estória, contada na primeira pessoa por cada um dos reféns, que se passam a conhecer por partilharem o mesmo espaço.
«Os Invernos em Paris» tem por narradora uma professora de arte em estado depressivo, tentada a imitar a progenitora na opção pelo suicídio, sobretudo porque os homens que mais amou morreram-lhe, deixando-a entregue a uma incontornável solidão.
Mantendo os finais em aberto, nenhuma das estórias sugere outras perspetivas senão as mais negativas.

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