segunda-feira, março 19, 2018

(DIM) «Relações Proibidas» de Louis Malle (1992)


Nunca fui um grande apreciador dos filmes de Louis Malle. Talvez porque num dos seus primeiros títulos cinematográficos - «Fogo Fátuo» - tivesse escolhido adaptar o romance de um notório fascista, que colaborara com a ocupação nazi: Drieu de la Rochelle.
Há preconceitos de que não quero sequer prescindir e essa mácula, mesmo reconhecendo que o filme até se deixava ver sem estados de alma particularmente equívocos, sempre foi razão para ter integrado Malle numa espécie de índex pessoal onde cabia, igualmente, um Elia Kazan pela perfídia com que denunciara antigos amigos à Comissão do senador McCarthy.
Tantos anos depois de se estrear nos cinemas olho para este «Damage» com a mesma distância prévia: sei-o bem concebido, reconheço-lhe a abordagem de temas com interesse, mas seria incapaz de por ele manifestar qualquer entusiasmo.
A história é a de um político conservador inglês, interpretado por Jeremy Irons, que está casado há vinte cinco anos com Ingrid por quem continua a sentir uma imensa afeição. No entanto, quando lhe aparece á frente a namorada do filho - uma Binoche sempre vestida de preto numa conotação simbólica com a morte - a tentação pelo adultério é tão grande, que ele em nada mais pensa, sujeitando-se a ver a vida totalmente virada do avesso.
Malle retomava aqui um dos seus temas prediletos: como a paixão pode superar a razão sem lhe dar qualquer hipótese de a conter. É um mergulho no desejo, no adultério, na traição, que levou os críticos de há um quarto de século a elogiá-lo pelas interpretações de Jeremy Irons e Juliette Binoche.

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