domingo, março 18, 2018

(DIM) «Três Homens para Matar» de Jacques Deray (1980)


O cinema francês tem conseguido apresentar, décadas a fio, um conjunto de filmes de produção média do género policial, que continuam a deixar-se ver com bastante agrado não envelhecendo com a rapidez inerente de muitos outros, em tempos transformados em grandes sucessos comerciais, mas entretanto só revisitáveis por razões meramente históricas enquanto testemunhos de um tempo e do seu correspondente código de valores.
«Três Homens para Matar», que Jacques Deray rodou em 1980 é um bom exemplo de película capaz de conjugar os dois objetivos: o de entretenimento eficaz e credível com o do tipo de idiossincrasias de há quase quarenta anos. Baseado num romance da autoria de um dos principais autores franceses de «série negra» - Manchette - o filme só quase dele conserva a vertente niilista e a violência austera. Delon, que produziu o filme, cuidou de orientar os argumentistas para enfatizarem o seu personagem, talhado precisamente para que pudesse brilhar. Ele é Michel Gerfaut, um pequeno burguês comum sujeito a circunstâncias extraordinárias a partir do momento em que, numa noite escura, socorre um homem ferido encontrado num carro aparentemente acidentado. Deixando-o no hospital, julga-se com o dever cívico cumprido até que começa a ser perseguido por gangsters dispostos a assassina-lo.
Não tarda a compreender que, involuntariamente, mergulhou numa conspiração político-mafiosa, de que nada conhecia. Mas, em vez de se limitar a salvar a pele, escapando às emboscadas de que se vê alvo, opta por identificar e contra-atacar quem o ameaça. O resultado é um filme bem ritmado com cenas memoráveis como a da perseguição em pleno periférico de Paris.

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