sábado, março 17, 2018

(DIM) Ecrãs e ecocídio. Os Alpes que Aníbal atravessou. As escalas das criaturas vivas


A minha opção televisiva preferencial vai invariavelmente para o canal franco-alemão ARTE no qual encontro frequentemente pretextos para aumentar os conhecimentos ou olhar para a realidade em perspetivas completamente distintas das padronizadas. Daí que deixe alguns apontamentos sobre o que na emissão de hoje se pode ir descobrindo.
1. Em 2014 os europeus passavam em média sete horas e quarenta e dois minutos em frente a sucessivos ecrãs (entre computadores, tablets, telefones ou televisões). Razão para alguns se insurgirem contra uma dependência, que tenderia a perigar a saúde, a capacidade de concentração e as relações sociais. Embora os defensores da utilização dos ecrãs elogiem os progressos possibilitados pelo recurso à tecnologia, há um número crescente de médicos a denunciarem as consequências dessa omnipresença dos ecrãs no desenvolvimento psicológico das crianças.
2. Poluição, destruição dos ecossistemas, aquecimento climático: o ecocidio designa os crimes mais graves cometidos contra a natureza pondo em causa a sobrevivência do planeta. Esta noção jurídica virá algum dia a ser acolhida na Europa? A jurista inglesa Polly Higgins defende a necessidade da Terra em dotar-se de um bom advogado.
3. Em 215 a.C. o general cartaginês Aníbal atravessou os Alpes com um gigantesco exército e três dezenas de elefantes para atacar a superpotência da época: Roma. Se o relato dessa proeza ficou nos anais, o percurso do chefe guerreiro através da Península Ibérica até à Itália ainda não pudera ser estabelecido com rigor. Ora, uma equipa de investigadores constituída por geomorfólogos, arqueólogos e microbiologistas decidiu reconstituir esse itinerário, nomeadamente graças à análise dos vestígios encontrados na encosta francesa do cume de Traversette a 3 mil metros de altitude. Uma nova expedição cumprida no lado italiano, no verão de 2017, permitiu-lhe confirmar esta tese até então inédita.
4. Abrigando 14 milhões de habitantes e atraindo turistas de todo o mundo, desde amadores de ski a apreciadores de caminhadas ao ar livre, os Alpes parecem demasiado hostis aos homens durante  séculos. Como foi conquistada? A descoberta em 1991 da múmia de Ötzi na fronteira austro-italiana e datada de três mil anos antes da nossa era, provou que os humanos já haviam subido aos Alpes no Calcolítico, período de transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze.
As jazidas de cobre terão sido o primeiro motor de desenvolvimento da região em paralelo com a exploração das pastagens. Essa vasta região montanhosa originaria muitas lendas ao longo da História, desde a de Guilherme Tell até à dos primeiros alpinistas a conquistarem um dos seus principais picos em 1492.  Depois, com a idade do ouro do alpinismo no final do século XIX  até ao boom dos desportos de Inverno, os cumes alpinos não têm perdido o seu fascínio.
5. Porque é que algumas criaturas vivas são enormes e outras minúsculas?  Porque é que os insetos são tão pequenos e os planetas tão grandes? O que aconteceria se os humanos ficassem do tamanho dos roedores? O mundo em que vivemos teria um aspeto completamente diferente.
Ao procurar respostas para estas questões é toda a evolução desde a pré-história que tem de ser analisada perspetivando como tudo teria sido diferente se a escala das criaturas vivas se tivesse invertido.

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