domingo, setembro 08, 2019

(DIM) «Infiltrado na Alt-Right» de Bosse Lindquist


Um militante da estirpe de Patrick Hermansson merece a nossa maior admiração, porque demonstra a coragem de quem não hesita em arriscar-se seriamente para denunciar o que ainda é pouco conhecido pela generalidade dos cidadãos. Quando, semanas atrás, a capital portuguesa foi palco de uma reunião de extremistas, vindos de vários países para concertarem as suas estratégias, foram demasiado poucos os que se mobilizaram para lhes dar a devida resposta. Ora Patrick, estudante sueco, que decidiu prosseguir em Londres o ativismo antifascista já assumido em Estocolmo, aceitou o convite da organização Hope No Hate para infiltrar-se num forum da ultradireita inglesa identificando-lhes os principais responsáveis.
Na nova identidade ele apresentou-se como um estudante universitário decidido a fazer uma tese sobre os impedimentos criados às organizações nacionalistas pelos poderes, que elas contestam.
Recorrendo a uma câmara escondida vai conhecer Jeremy Bedford-Turner, antigo militar que emite as opiniões antissemitas no speaker’s corner, e através dele chegar aos principais líderes do movimento nos Estados Unidos, todos conotados com o conhecido Steve Bannon: Richard B. Spencer, Greg Johnson ou Jason Jorjani. Todos eles apostados na expansão do discurso neofascista através das redes sociais e considerando a eleição de Donald Trump como oportunidade a não perder para prepararem a guerra civil contra negros, feministas, muçulmanos e judeus
Patrick torna-se tão credível no seu desempenho, que o convidam a iniciar os discursos de uma das iniciativas do movimento, antes de ir a Charlotesville em 12 de agosto de 2017, quando um suprematista atropelou voluntariamente os contramanifestantes, assassinando uma assistente social da cidade e ferindo várias outras pessoas.
O filme de Lindquist pode intimidar quem não adivinharia a dimensão do fenómeno fascista nos dias de hoje, mas também demonstra como, no seu execrável fanatismo, esses biltres deixam-se facilmente desmascarar. O filme causou enorme sensação e prejudicou os nele denunciados, mas também importa reconhecer que, hoje em dia, Patrick Hermansson vive na quase clandestinidade. Just in case...

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