quinta-feira, setembro 07, 2017

(DL) Provavelmente um dos grandes romances do ano

Romance de fôlego o de Arundathi Roy, que muitos já dão como candidato aos mais prestigiados prémios literários dos próximos meses, justificando-se o hiato de publicação desde que, há vinte anos, a autora indiana tivera um enorme sucesso com «O Deus das Pequenas Coisas».
Neste «O Mistério da Felicidade Suprema» não está presente a Índia glamourosa dos marajás nem o seu lado mais moderno e cosmopolita propagandeado pelas suas ambiciosas autoridades políticas. Mergulhamos sim na confusão babélica de Nova Deli, tomando uma hijra, Anjum, como guia e mostrando como vem sendo constante a vontade de aniquilamento da minoria muçulmana pelos fundamentalistas hindus, entretanto guindados ao poder absoluto.
Há crimes horrendos como o são sempre os perpetrados pelas turbas ululantes quando convenientemente estimuladas por sinistros líderes, que lhes apontam a dedo as frágeis vítimas colhidas a horas erradas nos mais errados lugares. Mas há também a solidariedade entre os desvalidos, capazes de, na sua miséria, estenderem a mão aos que ainda se mostram mais miseráveis do que eles.
Nas primeiras cento e cinquenta páginas estranhei ambientes e mentalidades tão diferentes das nossas. Mas começo-as a entranhar de tal maneira, que vou ter dificuldade em parar a leitura até ao fim. 

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