sábado, setembro 09, 2017

(DIM) Entre os dois lados em luta na Ucrânia e a luta antijiadista em Espanha

Duas reportagens no canal Arte revelaram aspetos elucidativos do que se passa na Ucrânia e na Espanha.
No primeiro daqueles países a independência ocorreu em agosto de 1991 mas, atualmente, quer a Crimeia, quer o Donbass escaparam ao seu controlo, decorrendo uma guerra de baixa intensidade, condicionada pelos Acordos de Minsk, que proibiram a aviação e as armas pesadas, mas não impedem que haja tiros dos dois lados diariamente ao longo dos 800 kms de linha da frente que separam ucranófonos e russófonos.
A música tornou-se numa arma e é esse aspeto particular que os repórteres seguiram: quer na Armya FM, estação radiofónica destinada aos militares até às tournées dos artistas da Associação «Help Army», tudo é feito para entreter quem faz a guerra, se possível com cantos patrióticos do mais surpreendente kitsch. No espetáculo organizado para um batalhão, inteiramente constituído por um partido da extrema-direita, os cantores interpretam, ora temas sobre a família capazes de fazerem chorar as pedrinhas da calçada até galvanizarem os combatentes com insultos a Putin.
No outro lado das trincheiras, os repórteres entrevistam Oleg, um militar veterano, que chegou a fazer as campanhas do Afeganistão, e que nunca se afasta muito da sua guitarra. Com ela compõe hinos patrióticos, mas também canções de um lirismo, que condiz com a sua vontade de regressar à pacatez dos seus dias de desmobilizado.
Há também a velha Lydia Kachalova, outrora soprano prestigiada, que chegara até a trabalhar com Chostakovich, e hoje encarregada de manter bem oleada a Ópera de Donetsk. Aos domingos há récitas com óperas ou operetas em que os militares têm bilhetes grátis.
E, ainda, do lado independentista, há o rap como linguagem contestatária, neste caso do tipo de combate empreendido pelos apaniguados dos políticos de Kiev.
De um e do outro lado a cantiga é uma arma e quem as canta está disso bem ciente…
A outra reportagem tem a ver com a luta antiterrorista em Espanha, reconhecidamente um dos países por onde transitam mais facilmente os jiadistas a partir de Marrocos. A reportagem segue uma família onde os dois filhos gémeos foram presos aos 16 anos quando, em Marrocos, estavam prestes a partir para a Síria, logo seguindo-se a respetiva mãe a ser igualmente enclausurada sob a acusação de ser uma recrutadora de terroristas. Algo que ela recusa, alegando ter-se deslocado a Marrocos para dissuadir os filhos de empreenderem essa viagem e trazê-los de volta para casa.
O que está em causa em Espanha não é só o combate ao terrorismo, com uma mescla de medidas de integração com outras de repressão, mas também a aberrante possibilidade de alguém poder vir a ser acusado de terrorismo apenas com base numa denúncia, mesmo que infundamentada. 

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