domingo, setembro 24, 2017

(AV) Um jardim para especular sobre o cosmos

Contamos entre nós com belos jardins da autoria de excelentes arquitetos paisagistas, mas quando olhamos para outros existentes noutras geografias, temos de reconhecer quanto temos pecado pela falta de ambição e de recursos para nos conseguirmos a eles equiparar.
O Jardim da Especulação Cósmica, que o casal Maggie e Charles Jencks construíram nos doze hectares da sua propriedade no sul da Escócia é disso um bom exemplo. Inspirado pelas ciências e pelas matemáticas, alia as técnicas da Land Art com esculturas destinadas a ilustrar temas tão ambiciosos como os fractais ou os buracos negros.
Não se pensem ali encontrar geometrias ao estilo do jardim inglês ou italiano: as simetrias e as curvas não são as das formas mais simples, adotando as perspetivas dos movimentos dinâmicos no sentido centrípeto ou centrífugo. Pretende-se dar forma visual à existência de universos paralelos ou da influência da gravidade nos movimentos da matéria. O infinitamente grande tem a primazia, mas o seu inverso também lá cabe. À exuberância das plantas, que outros jardins ostentam, prefere-se aqui a elegância, a harmonia da justaposição das superfícies no horizonte visual de quem por ali ciranda.
Não é espaço que se possa visitar facilmente, porque foi feito para usufruto dos proprietários, mas abre ao público uma vez por ano para recolher fundos destinados a organizações de luta contra o cancro, a doença que vitimou a cocriadora de tal obra de arte.

 

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