Promete ser saborosa a continuação da polémica, que está a processar-se na Inglaterra atual em função da publicação pelo «The Guardian» do conto de Hilary Mantel “The Assassination of Margaret Thatcher – August 6th 1983”.
A celebrada escritora, que já ganhou dois Booker Prize à conta da sua biografia romanceada sobre Thomas Cromwell e se tornou numa potencial candidata ao Prémio Nobel, imaginou um par improvável constituído por uma dona de casa e por um guerrilheiro do IRA a beberem um chá na casa defronte da qual a então primeira-ministra inglesa estará para sair depois de uma operação à vista. E donde poderá ser visada mortalmente para pôr fim à sua desastrosa política para com os mais explorados dos seus concidadãos.
Para os conservadores a possibilidade de uma história, que torna simpática a possibilidade de se ter conseguido assassinar uma das mais execráveis políticas do século XX, constitui uma espécie de profanação, que os está a motivar para uma campanha feroz contra a escritora.
Por seu lado, Hilary Mantel, que não esconde a antipatia por Thatcher, assume tê-la interessado as motivações de quem tanto odiou e continua a odiar aquela personalidade.
É claro que está a prevalecer a lógica da liberdade criativa como valor essencial a defender contra os objetivos censórios dos que tanto gostariam de atear chamas em autos-de-fé. E o pior que pode acontece nesta altura aos conservadores é haver quem já alcançou suficiente estatuto moral para tomar como alvo os seus heróis de pés-de-barro.
A História anda a encarregar-se de dar de Thatcher o perfil hediondo de quem só pode emparceirar com os Pinochets por ela tão apreciados, por muito que os seus defensores até tenham convencido Meryl Streep a maquilhar-lhe a sinistra personalidade. E Hilary Mantel só contribui para prosseguir esse labor no sentido de conciliar a História com a verdade sobre essa odiada figura.
Sem comentários:
Enviar um comentário