Os vestígios fossilizados de neandertalenses na Espanha dão a Ruth Berry o ensejo para um documentário muito interessante - «Neandertal et ses secrets» -, onde inclui a informação genética sobre a organização familiar e sobre os indícios de canibalismo.
Ao explorarem uma rede de grutas subterrâneas em El Sidron, nas Astúrias, o paleontólogo António Rosas e o arqueológo Marco de La Rasilla conseguiram resgatar os ossos de uma dúzia de neandertalenses e numerosos utensílios em sílex. Alguns dos ossos apresentavam fraturas, outros estavam despedaçados e os crânios tinham sido esmagados. Indícios de canibalismo? Vestígios de um ritual religioso?
São muitos os mistérios suscitados pelo que resta desses hominídeos de há cerca de 49 mil anos. Mas Rosas e La Rasilla estão convencidos de que, por falta de alimentos, esses neandertalenses tinham sido obrigados a atacarem as tribos vizinhas para transformarem-nas em presas para a sua alimentação. Nesse sentido terá existido uma diferença abissal entre os hábitos alimentares dos que habitavam essa região do que é hoje o norte da Espanha com os que viviam, por essa altura, umas centenas de quilómetros a sul, em Gibraltar, onde a proximidade do mar facultava alimentação bastante por conta do marisco aí existente.
O biólogo Clive Finlayson, que tem-se debruçado sobre os achados nas grutas costeiras do rochedo britânico, procura perceber como terão desaparecido estes hominídeos, tanto mais que as condições privilegiadas de temperatura e de recursos alimentares permitiram transformá-los nos neandertalenses que terão perdurado por mais tempo, coexistindo com os já então dominantes homo sapiens.
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