Entre outubro de 1934 e outubro de 1935 ocorreu na China uma das maiores epopeias do século XX: perseguidos pelo exército de Chiang kai Shek, cem mil comunistas liderados por Mao Zedong iniciaram a viagem de dez mil quilómetros entre o sul do país e uma base recuada no Norte onde só um décimo de entre eles chegaria.
Sobre essa marcha li uma descrição encomiástica, quando era adolescente e marcelo caetano ainda tinha conversações «em família» com o país.
Data de então a enorme admiração, que sempre manifestei pelo povo chinês. A sua capacidade de sacrifício e a determinação para alcançar os objetivos a que se propõem ficaram-me como características nunca desmentidas por quanto apurei desde então.
A primeira vez que estive na China foi numa estadia de cinquenta e quatro dias em Xangai para a reparação do casco de um navio num dos estaleiros de Pudong. E depressa vi confirmadas aquelas ideias preconcebidas: todas as manhãs via literalmente dezenas de operários e operárias subirem o portaló e, qual formigas incansáveis, lá iam cumprindo diligentemente o contratado.
A primeira vez que estive na China foi numa estadia de cinquenta e quatro dias em Xangai para a reparação do casco de um navio num dos estaleiros de Pudong. E depressa vi confirmadas aquelas ideias preconcebidas: todas as manhãs via literalmente dezenas de operários e operárias subirem o portaló e, qual formigas incansáveis, lá iam cumprindo diligentemente o contratado.
Conheci igualmente facetas menos nobres, como a tendência para conviverem bem com a sujidade: como esquecer o bar à saída do estaleiro, onde alguns dos tripulantes iam comer camarões apesar de nunca ter visto cozinha tão sebenta? Mas outra houve que me surpreendeu deveras e conhecida, sobretudo, através do Deng ou do Wang, intérpretes qye connosco conviviam: que apesar de traços fisionómicos diferentes dos nossos e de uma cultura milenar pouco consonante com o nosso judaico-cristianismo, eles mostraram-se pessoas iguais a nós nas aspirações e nos receios.
O documentário de J. P. Sniadecki intitulado «O Ministério do Ferro» é sobre isso mesmo: aproveitando imagens de meia centena de viagens de comboio por toda a China, o realizador mostra que, afinal, ela está mesmo aqui ao lado, com pessoas semelhantes a quaisquer dos nossos vizinhos.
Vivemos, de facto, num «small world»...
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