quarta-feira, junho 13, 2018

(DL) «Zao» de Richard Texier


Zao Wou-ki morreu aos noventa e dois anos em 2013 e, nos próximos sete meses, tem a sua obra em exibição num dos principais museus parisienses. Artista dotado era igualmente um homem extremamente bom, sempre atento ao que podiam ser as inquietações e necessidades dos que o rodeavam, mesmo que figurantes anónimos onde ele era celebrado e recebido com todas as honras.  Como daquela vez em que, hóspede do rei de Marrocos, mandou parar o carro que o transportava para um banquete, porque, preocupado com o almoço do mordomo dessa residência, demasiado longe de tudo para que ele pudesse ir procura-lo ali perto. Dessa vez só aceitou a comparência ao evento programado, quando com ele se comprometeram a trazerem a refeição a quem ali ficaria à sua
espera.
Outro pintor, o francês Richard Texier conheceu-o em Marrocos nos anos 90 e logo compreendeu o quanto tinham em comum. Daí a pintarem frequentemente em conjunto foi um passo natural, sobretudo porque a partilha do local de trabalho dava, igualmente, oportunidade para falarem de tudo quanto mais os estimulava. Foi assim que compreendeu a personalidade do amigo, incapaz de aceitar que um ser fosse reduzido a manter-se como sombra invisível na paisagem. A presença do Outro era o acontecimento mais importante na sua vida.
Cinco anos depois da morte do artista, Texier publicou este testemunho comovido, procurando perenizar o amigo na memória dos que, não o tendo conhecido diretamente, lhe podem colher a influência através deste relato na primeira pessoa.

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