quarta-feira, junho 13, 2018

(DIM) «Abril e o mundo extraordinário» de Christian Desmares e Franck Ekinci (2015)


O que poderia ter acontecido se, descoberta a máquina a vapor, e com ela o início da Revolução Industrial, nenhuma outra inovação tecnológica houvesse visto o dia desde então? É esse o pressuposto de partida deste filme de animação, que remete para a estética gráfica de Tardi, um dos nomes maiores da banda desenhada francesa.
A distopia apocalítica passa-se em Paris no ano de 1941 quando, em vez das tropas invasoras de Hitler, reina Napoleão V, cuja polícia persegue Avril, uma rapariga apostada em encontrar os pais, um casal de cientistas desaparecidos quando trabalhavam num soro da invisibilidade. A acompanhá-la na investigação está o gato Darwin e um miúdo da rua, Julius.
Sucedem-se as mirabolantes cenas de ação numa atmosfera, que lembra os romances futuristas de Julio Verne, mas que não impedem o espectador de equacionar o quão volúvel é a realidade, bastando situações aparentemente irrelevantes para todas as certezas se esfumarem. O que aqui se mostra é a necessidade de não atender apenas ao que mais releva nos noticiários do quotidiano, porquanto o futuro se encarrega de ilustrar o quanto mais teria valido constatar o que apenas parecia merecer alguma nota de rodapé.

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