Quem se interessa pela paleontologia tem seguido com bastante interesse a discussão em torno do esqueleto encontrado na ilha das Flores na Indonésia e que é por alguns cientistas considerado como a prova da existência de um ramo desconhecido da evolução humana concomitante com a do homo sapiens. Mas, porventura mais realistas, logo outros avançaram para a hipótese de se verificar uma anomalia genética pontual, facilitada pelo facto de se tratar de uma população circunscrita a um território exíguo onde a consanguinidade constituía uma forte probabilidade.
Artigos científicos agora publicados nos EUA, e abordados por Nicolau Ferreira no «Público», vão mais longe e dão conta desse esqueleto ser o de uma rapariga de há dezoito mil anos atrás e que possuía uma anomalia bem conhecida do nosso tempo: a trissomia 21.
Embora ainda não se tenha conseguido uma amostra viável de ADN, que pudesse confirmar essa tese, diversas características desse esqueleto apontam para tal tese.
A confirmar-se tal hipótese voltamos a ter uma demonstração eloquente de uma regra científica básica, mas bastantes vezes esquecida: perante uma singularidade será mais judicioso encontrar a explicação mais fácil do ponto de vista lógico do que dar tratos à imaginação e produzir uma tese estapafúrdia em completa rutura com o até então conhecido.
De facto, embora tenha acontecido algumas vezes na História da Humanidade - vide Galileu, Newton, Darwin ou Einstein - raramente a Ciência avançou com Revoluções dessa dimensão. Quase sempre obedeceu aos pequenos avanços feitos de hipóteses momentâneamente aceites como verdadeiras, até se comprovarem como falsas...
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