No Festival de Lucarno acaba de ser estreado este documentário de Fernand Melgar sobre o difícil quotidiano dos sem-abrigo na Suíça. O realizador, ele próprio de origens catalãs, procura dar uma visão objetiva de dois lados opostos da mesma realidade: o dos que procuram apoio e dificilmente o encontram e o dos trabalhadores das instituições de acolhimento dos sem abrigo muito ultrapassados pela exiguidade de meios de que dispõem para corresponderem ao problema.
Se a extrema-direita aposta na lógica racista de defender a necessidade de fechar fronteiras para impedir o fluxo constante de gente miserável de várias latitudes, a resposta de Melgar é a de mostrar o rosto dessas pessoas de carne e osso que tanto sofrem com o ostracismo a que são sujeitas.
Por isso mesmo o documentário deveria ser de visionamento obrigatório para quantos insistem em analisar a realidade da emigração clandestina de acordo com a lógica dos maniqueístas, que procuram difundir mensagens ignóbeis sobre uma Europa sitiada por gente de outras cores e credos, como se de Roma se tratasse ameaçada pelos bárbaros…
A realidade é que o que a Europa representa entra em inquietante degenerescência quando abandona os seus valores para, supostamente, se livrar de quantos a ela são atraídos precisamente por quanto ela representa de avanço civilizacional.
A História mostra que as grandes civilizações cresceram quando optaram pela miscigenação dos que nela procuravam sustento e que entraram em decadência quando apostaram no preconceito e na intolerância.
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