sexta-feira, março 01, 2019

(DIM) «Assim se vende um filme» de Morgan Spurlock


Aprendemos com Marcel Duchamp que a Arte pode ser, sobretudo, um conceito. O de Morgan
Spurlock revelou-se engenhoso, quando quis revelar a importância que o product placement passou a ter nos filmes a que vamos assistindo.  De facto, perante a crise por que passa a indústria cinematográfica, com os consumidores a fugirem das salas para verem os filmes em casa, muitas vezes pirateados da net, a alternativa tem passado por introduzir mensagens publicitárias tão subliminares quanto possível, embora muitas delas sejam absolutamente explicitas. Se estivermos atentos detetamos as marcas, que pagaram para porem os seus produtos nos seus filmes, e que surgem «naturalmente» na bebida, que os protagonistas consomem, nos carros em que se deslocam, nos cosméticos com que se cuidam, etc.
No limite pode-se chegar ao extremo de espectadores sentarem-se nas salas de cinema para verem noventa minutos consecutivos de publicidade, revestida de uma qualquer trama primária, e ainda receberem um pagamento por isso. No fundo é disso, que Morgan Spurlock se aproxima ao propor-se, precisamente, fazer um filme sobre o assunto e contactando sucessivas marcas para que lho patrocinem.
O resultado é divertido e mostra-nos como, sem quase darmos por isso, somos bombardeados por mensagens que nos incitam a sermos aquilo que o sistema económico pretende que predomine na nossa identidade: consumirmos, consumirmos, consumirmos.

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