sexta-feira, março 15, 2019

(DIM) «Quando o medo faz adoecer. Anatomia de uma emoção», documentário de Karlo Malmedie (2018)


A sobrevivência da espécie humana depende muito da capacidade de termos medo. É ele que nos protege dos muitos perigos enfrentados quotidianamente nas deambulações urbanas e quase sempre insuspeitáveis de forma consciente. Porque instintivamente nos acautelamos.
Há, porém, quem desenvolva excessivamente essa capacidade, mesmo integrando medos sem justificação no contexto em que são criados. É esse o tema do documentário de Kalro Malmedie, que versa a anatomia de uma emoção, que ganha a dimensão de patológica. Para muitos dos que adoecem de tal desarranjo mental a inibição de fazerem uma vida normal torna-se numa possibilidade concreta e muito sofrida.
Hoje estima-se que 15% da população europeia sofre de ansiedade e a investigação laboratorial tende a associá-la a um determinismo genético. Daí que se procure diagnosticar precocemente o problema para melhor paliativo lhe arranjar. Porque, helas, decorrem em média sete anos entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a decisão de se procurar ajuda médica.
As descobertas mais recentes revelam-se encorajadoras: mesmo não se tendo inventado a milagrosa panaceia, comprova-se o sucesso da associação de  algumas terapias comportamentais com medicamentos já conhecidos. Em muitos dos casos ilustrados no filme os que sofriam de ansiedade viram reduzidos os efeitos mais inibidores de uma vida mais conforme com o que se entende por normalidade. E esses renascidos seres só podem agradecer a si mesmos, porque a primeira estratégia, e porventura a mais consequente, resulta de se enfrentarem esses medos excessivos, limitando-lhes os intentos bloqueadores.

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