domingo, março 24, 2019

(DIM) «Grandes Esperanças» de David Lean (1946)


A Inglaterra do pós-guerra tinha muitos escombros por remover e edifícios por reconstruir. E a sua indústria cinematográfica conhecia situação semelhante. Ora, nada melhor do que dar sequência dos filmes de propaganda rodados nos cinco anos anteriores com um valor seguro como era (e continua a ser!) a obra de Charles Dickens. E «Grandes Esperanças» até pelo título justificava a escolha de David Lean e Ronald Neame, que, conjuntamente com Anthony Havelock Allan, coassinaram a adaptação.
Temos então um John Mills ainda relativamente jovem, a protagonizar esse Pip, que evolui de órfão e aprendiz de ferreiro até à condição de gentleman, graças ao financiamento de um benfeitor, cuja identidade desconhece, embora desconfie erradamente da estranha vizinha, Miss Havisham, que nunca mais vira a luz do sol desde o dia em que se vira abandonada pelo noivo no dia em que iria casar. Afinal quem financiara a transformação fora um ex-condenado, deportado para os antípodas, mas decidido a arriscar a vida, regressando só para ver o resultado da sua filantropia.
Como era costume em Dickens, existe a condenação dos vilões por um lado, mas gradativamente, porque numa dessas coincidências tão pródigas no escritor vitoriano, a filha do que intentara redimir-se acaba por casar-se com o órfão da história.
Na época os expectadores podiam regressar confortados a casa, cientes de que a justiça e a felicidade recompensariam sempre os que as merecessem...

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