segunda-feira, agosto 20, 2018

(DL) «Vinte Mil Léguas Submarinas» de Júlio Verne (1)


É a história de um submarino notável, diferente de qualquer outro até então concebido e destinado à missão de vingança de um homem sem nome. E um dos romances que mais contribuíram para a justa fama de Júlio Verne, entendido como precursor de realidades científicas só concretizadas no século seguinte.
A viagem é angustiante porque o perigo está quase sempre a acontecer, colocando os personagens a percorrerem as ruínas perdidas da Atlântida ou destroços de tesouros fabulosos assentes no leito dos oceanos. Três deles são prisioneiros a mando de um rebelde sem causa chamado Capitão Nemo, que tanto se vê perseguido por uma frota de navios inimigos decididos a capturá-lo como, ele próprio, não se coíbe de os ir afundando.
Encurralados num mundo submarino, que ia muito para além da imaginação, os reféns enfrentarão um monstro impressionante, uma lula gigante, mas também são premiados com muitos motivos de deslumbramento perante tudo quanto alcançam a partir das escotilhas envidraçadas.
Não havendo à data em que o escreveu, engenhos submarinos com esse nível de sofisticação, Verne teve no Nautilus um dos momentos de imaginação, que o prestigiaram como um dos nomes maiores da ficção científica. Quase todos os aspetos comerciais da exploração submarina foram previstos no livro: aparelhos para a respiração humana, nomeadamente as garrafas de oxigénio, a aquacultura, a procura de salvados em navios naufragados.
«Vinte Mil Léguas Submarinas» começa com a investigação em torno de um gigantesco monstro marinho, com forte currículo no afundamento de navios mercantes e de guerra em oceanos e mares de todo o mundo. Perseguido por uma fragata norte-americana, o monstro acaba por se deixar revelar no norte do oceano Pacífico. Imune aos arpões e aos canhões dos navios,  a «criatura» ataca a fragata e leva dois dos passageiros a caírem ao mar. Eles são um professor universitário e um seu criado, que veem as vidas doravante perturbadas. Durante horas, á luz intensa da Lua, os dois homens esbracejam á superfície do oceano, sempre temerosos de se virem a tornar presa do monstro marinho.
Quando julgam ver diante de si uma pequena ilha, nadam nessa direção e acabam recolhidos por quem causara a projeção para fora de borda do navio em que viajavam: a fera metálica movida a eletricidade, cujo nome não tardaram a conhecer.
Ao contrário da versão infantilizada, filmada pelos estúdios da Disney nos anos 50, o romance é dirigido a um público adulto, capaz de compreender-lhe as ilações políticas e filosóficas.

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