domingo, agosto 26, 2018

(DIM) «A Corrida à Arte» de Marianne Lamour (2013)


A irrupção de milionários pouco cultos, mas com as carteiras suficientemente abonadas para inflacionarem os leilões a pretexto de criarem ou enriquecerem as suas coleções, virou do avesso o mundo da pintura, da escultura e de todas as demais disciplinas artísticas.
«O Grito» de Edvard Munch mudou de dono em doze minutos, tornando-se numa das obras mais caras de sempre ao ser vendida na Sotheby’s de Nova Iorque por 120 milhões de dólares. Valor absurdo que apenas torna acessíveis as obras mais significativas do património mundial a um reduzido número de potenciais compradores, ainda que os mova o interesse especulativo, sobretudo ao adquirirem arte contemporânea. No caso desta última a regra passou a ser: comprar obras dos artistas atuais mais cotados, logo cuidando de as valorizar nos leilões. Tanto mais que, tendo-se tornado um mercado globalizado, a eles acorrem os que enriqueceram rapidamente na Ásia e no Médio Oriente.
Efeito perverso dessa evolução: os artistas secundarizaram as preocupações estéticas, reconvertendo-se em administradores das empresas, que utilizam a sua assinatura artística como marca, fabricando obras em regime de cadeia de produção de forma a satisfazerem a procura.
Rodado há cinco anos este documentário busca escalpelizar esse mudo opaco e exclusivo sem esconder o seu lado mais sombrio. Galeristas, colecionadores e vendedores de arte são convocados para darem a sua apreciação sobre o estado da arte, marcado por inquietantes derivas mercantilistas.



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