terça-feira, abril 07, 2020

(DL) Drácula, um clássico para reler em dias de confinamento


Nesta altura em que nos vemos confinados a releitura de alguns clássicos pode ser uma boa forma de passar o tempo testando a sensação de nunca sermos os mesmos sempre que voltamos a livros há muito arrumados nas prateleiras das estantes e quase sem deles nos lembrarmos.

Drácula de Bram Stoker é uma excelente opção por situar-nos entre a noite e o dia, entre a industrialização e das tradições feudais. Mas, sobretudo, é curioso aferirmos as circunstâncias, que impulsionaram o autor irlandês a debruçar-se sobre tema tão singular.

O jovem Bram foi muito doente nos primeiros sete anos de vida, vendo-se amiúde acamado. Confortado pela mãe dela ouviu uma profusa quantidade de lendas populares, muitas das quais com mortos-vivos.  Ademais por ser medicamento muito em voga na época não o poupavam a tal tratamento que lhe potenciava terríveis pesadelos.

Talvez farto de tão inquietantes relatos o jovem Bram recuperou das maleitas e juntou-se aos irmãos que, entretanto, tinham andado a aproveitar a liberdade das tardes na praia. O fascínio pelo mar nunca mais abandonaria Stoker, explicitando-o nas descrições da tempestuosa viagem que o esquife do vampiro faz entre o porto de Varna e Londres.

Enquanto estudou ciências no prestigiado Trinity College de Dublin, Stoker frequentou assiduamente uma biblioteca recheada de livros interessantíssimos sobre temas à medida da arquitetura e decoração gótica que a caracterizam ainda nos dias de hoje.

Os estudos serviram-lhe para tornar-se num anódino funcionário administrativo, mas isso é também o que faz Jonathan Harker, um dos principais personagens do romance, que pode ser visto como seu alter ego.

Todas essas experiências e conhecimentos acumulados serviram-lhe para dedicar-se ativamente à escrita quando constatou o sucesso obtido por Robert Louis Stevenson com o seu relato sobre  O Médico e o Monstro. Um ano depois, ou seja, em 1887, publicou o romance icónico que o cinema, cujo nascimento oficial não tardaria, encarregar-se-ia de adaptar vezes sem conta.

 


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