quinta-feira, maio 28, 2020

(DIM) «Música na Escuridão» de Ingmar Bergman (1948)



Em 1948, ao quarto filme, Ingmar Bergman conseguiu o primeiro sucesso comercial no mercado escandinavo, e que lhe serviria de rampa de lançamento para o reconhecimento internacional da década seguinte.
Música na Escuridão é um melodrama em que Birger Malmsten é Bernt, um jovem que fica cego num acidente militar, quando estava na carreira de tiro e quis salvar um cãozito ali inopinadamente aparecido. Se a noiva se apresta a devolver-lhe o anel do compromisso amoroso e lhe causa terrível depressão, logo lhe aparece Ingrid com o rosto angelical de Mai Zetterling, que o fascinado Ingmar Bergman se deleita em captar-lho em inesgotáveis longos planos. Sem esquecer uma cena de nudez, que constituía um verdadeiro escândalo para as almas piedosas da época (e de algumas da atual!).
Para o filme chegar à dimensão de longa-metragem a relação de Bernt e Ingrid vai evoluir até à paixão, subitamente cerceada por equívoco injustificado, que os separa.
Ele vai passar por sucessivas agruras - é vigarizado num restaurante onde ganha a vida como pianista, dá aulas numa escola de cegos, torna-se afinador de pianos, até chegar o notável travelling na gare ferroviária com um comboio prestes a trucidá-lo. Ingrid que, nessa altura, dançava com o novo namorado, sente algo de inexplicável em si e acorre a salvá-lo. Deveria tudo saldar-se com a palavra fim a descansar os consolados corações piegas, enternecidos com o reencontro dos pombinhos mas, incompatibilizado com esse canónico desenlace, Bergman acaba o filme com a sua firme sugestão. 

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