quarta-feira, dezembro 31, 2008

Uma BD que me continua a agradar apesar de tudo...

«O Caso Francis Blake» já não saiu da criatividade de Edgar Pierre Jacobs. Pegando nos personagens Francis Blake e Philip Mortimer, os também conceituados Jean Van Hamme e Ted Benoit criaram uma história, que respeita escrupulosamente o espírito da série.
Tudo começa, quando o chefe dos Serviços Secretos, Francis Blake parece desmascarar-se enquanto traidor capaz de pôr não só em risco a segurança nacional, mas também assassinar os agentes supostamente às suas ordens.
Mortimer decide-se a fazer os possíveis por ilibá-lo de tão ignóbeis suspeitas. No entanto, ele próprio acaba por se envolver em inesperada aventura, tanto mais que os jornais acabam por denunciar a cumplicidade com o «traidor» em fuga.
Afinal o que estava em causa era uma tentativa de Blake em desmascarar quem, ao mais alto nível do governo do país, estava conluiado com potências inimigas.
Obviamente que o sempiterno Olrik aparece do lado dos mauzões, que acabam derrotados.
É claro que há aqui um cheirinho a guerra fria e em que os ingleses são os bons e os «outros» os maus. Embora ideologicamente muito ambíguo, não deixo de sentir algum fascínio pelo grafismo e pela forma como se estrutura a intriga...

Sensemayá, Silvestre Revueltas.

Que melhor homenagem a Silvestre Revueltas, que o exerto da interpretação de uma das suas maiores oberas pela Orquestra Simão Bolivar dirigida por Dudamel?

Evocar Silvestre Revueltas

Nasceu precisamente há cento e nove anos. Era o último dia do ano do século XIX (embora subsista a discussão de quando se inicia um novo século!) e Silvestre Revueltas era mais um dos filhos de uma família talhada para lançar para o mundo gente que viria a ser influente no mundo das artes e das letras.
Silvestre viria a ter fama de feitio difícil. No entanto o seu talento para a composição musical era imenso e cedo demonstrado em sucessivas obras.
Quando o governo republicano espanhol o convidou para colaborar consigo no que poderia vir a ser o embrião de um projecto artístico de grande alcance, dirigia-se não só ao artista, mas também ao homem político, que tinha uma sólida empatia com as aspirações populares e delas colhia inspiração para a sua obra.
Os tempos eram, porém, difíceis: para os homens de esquerda a década de trinta trará a sensação de um toque a finados por muitas das suas ilusões de um mundo melhor. E Silvestre afundar-se no álcool, na miséria e na doença. Quando morre, de pneumonia, em 1940 - conta a lenda que tinha uma garrafa na mão no seu último alento - o fascismo parecia exuberante nas mais diferentes latitudes.
Quase sete décadas depois a sua música chega-nos, sobretudo, pela mão de entusiasmado divulgador, o jovem maestro venezuelano Gustavo Dudamel, que a executa com a sua Orquestra da Juventude Simon Bolívar. «Sensemaya» ou « A Noite dos Maias» correspondem aos títulos mais conhecidos dessa obra, que se enquadra na escola nacionalista e se considera a mais adequada para vestir de sons a cultura do seu país...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

High Places - Shared Islands - Live @ The FADER Sideshow

Os High Places são, de entre os muitos grupos, que vão procurando singrar no competitivo panorama do rock alternativo, um dos mais interessantes. Pelo carácter hipnótico da sua vida, por alguma ingenuidade pressentida na voz da vocalista!
Um percurso a seguir com alguma atenção...

sábado, dezembro 20, 2008

Revolução no «Sonho Americano»?

Não sei se será possível, mas confio na necessidade de uma grande mudança no paradigma mental dos norte-americanos com o almejado sucesso da Administração Obama. Pelo menos que o «sonho americano» ganhe alguma lucidez e deixe de ter na conquista da riqueza a qualquer preço a sua principal estratégia. Até porque, para o cidadão das classes mais baixas ou, mesmo remediadas, as últimas semanas não devem ter sido fáceis de conciliar com tal idiossincrasia, quando até os mais insuspeitos milionários são denunciados como fraudulentos.
É claro que será uma revolução ideológica difícil de fazer prevalecer: McCain conseguiu o apoio de quase metade do eleitorado ao propor menos impostos para os ricos e ao diabolizar as práticas «socialistas» prometidas pelo adversário.
A palavra «socialista» está, aliás, tão desconsiderada por aquelas bandas que um homem inteligente como o actual Nobel da Economia, Paul Krugman, vem dizer nos media, que os homens políticos não devem, nesta fase, ter receio de «parecerem socialistas».
Não é, pois, o de serem, mas o de parecerem!
Que as realidades económicas acabem por propiciar essa tão necessária viragem à esquerda. Embora tenhamos bem presente a lição histórica de da Depressão de 1929 terem, afinal, emergido os tenebrosos fascismos…

terça-feira, dezembro 09, 2008

TEATRO MERIDIONAL: VLCD

O Teatro Meridional confirma ser, hoje, um dos mais fascinantes projectos artísticos de Lisboa. Os seus espectáculos continuam a surpreender pela originalidade e pelo experimentalismo em relação a novas formas de expressão.
Essa ânsia de vanguardismo surge logo no título da mais recente peça estreada nas suas instalações: «VLCD - do lugar onde estou já me fui embora».
O tema é o da velocidade a que somos coagido no nosso tempo, que nos prejudica a capacidade de ver, de pensar … até mesmo de sentir. Dando, pois, razão ao provérbio italiano citado no programa: «O Homem mede o tempo e o tempo mede o Homem.»
O tempo acelerado que aumentou a produtividade e a qualidade do consumo de bens materiais, mas igualmente a infelicidade de quem nele se perde.
Tanto mais que a competição fomentada socialmente enquanto forma de realimentar, em contínuo, essa obsessão pela velocidade, enaltece sempre o mais rápido. Independentemente da qualidade ou da beleza do que nesse lapso de tempo se concretizou…
Num século desumanizado todos se empurram para chegar o mais cedo possível ao emprego, tornando-se hediondas todas as possibilidades de colocar pauzinhos na engrenagem.
A proposta da companhia teatral sedeada no Poço do Bispo passa por abordar esse frenesim pelas vivências de quatro palhaços, uns mais do que outros, adaptados a tais regimes de produção.
Como diz o programa: «Destas premissas nasceu um espectáculo, feito do encontro de todos os seus criadores. Um espectáculo edificado e projectado dramaturgicamente no espaço contemporâneo dos ensaios e que também ele se debateu, na sua fase de criação, com as mesmíssimas questões que eram, afinal, o seu objecto. Da alegrias, descobertas, dificuldades e também tanta angústias resultou uma oportunidade de crescimento. e de valorização humana inesquecível.»
Graças a um belíssimo naipe de actores, dos quais ressai Carla Maciel, passamos em revista os grandes problemas sociais do nosso tempo e a forma como reagem os que a eles se vão procurando adaptar. Com maior ou menor sucesso…
8

quinta-feira, dezembro 04, 2008

A BAUHAUS (1)

Fundada em 1919 por Walter Gropius em Weimar, a Bauhaus (que significa literalmente «casa do edifício») estendeu as suas pesquisas a todas as artes maiores e aplicadas, de forma a integrá-las na arquitectura. Segundo o desígnio do seu fundador, todos os que participam na construção do edifício devem ser imbuídos pelos princípios do coordenador da obra e criar, em harmonia com ele, a parte que completa o todo.
Convocados por Walter Gropius, os maiores artistas do tempo ensinaram ali.. Daí que a Bauhaus tenha suscitado um vivo interesse no mundo e provocasse fortes reacções nos meios políticos alemães.
Transferido para Dessau em 1925, e depois para Berlim em 1932, foi definitivamente encerrada pelos nazis, quando estes chegaram ao poder em 1933.
Os princípios da Bauhaus marcaram profundamente a estética contemporânea: um grande número de escolas e de universidades adoptaram os seus métodos de ensino, assim como aconteceu com a indústria a respeito das suas concepções.
A maioria dos seus mestres e dos seus antigos alunos, acolhidos pelos EUA pouco antes de 1939, continuam a influenciar a arte moderna.
Henry Van de Velde, desejoso de deixar a Grossherzogliche Kunstgewerberschule de Weimar, por ele fundada em 1906 e de que ele era director, convidou Walter Gropius para lhe suceder.
Em 1915 Gropius aceitou o convite na condição de poder reorganizar o ensino das belas artes em Weimar segundo aquilo que pensava.
Na Primavera de 1919, juntou a Grossherzogliche Kunstgewerberschule e a Grossherzogliche Hochschule für bildende Kunst numa Hochschule für Gestaltung, sob o nome de Das staatliche Bauhaus Weimar, que instalou nos edifícios construídos por Van de Velde.
Convidados por Walter Gropius foram professores da Bauhaus desde 1919: Johannes Itten, Lyonel Feininger, Gerhard Marcks, Adolf Meyer; Georg Muche juntou-se-lhes em 1920, seguido de Paul Klee e Oskar Schlemmer em 1921; Wassily Kandinsky chegou em 1922 e László Moholy-Nagy em 1923.
Tendo suscitado a oposição das autoridades conservadoras da cidade e do governo provincial da Turíngia, a Bauhaus de Weimar, instituição estatal, fechou portas - com os professores e alunos solidários com o seu director - no termo do seu contrato de sete anos a 1 de Abril de 1925.
Numerosas cidades como Darmstadt, Frankfurt, Mannheim, estavam disponíveis para a receber, mas quem ganhou foi Dessau. O município pediu a Gropius para construir a nova escola. Iniciados nos finais de 1925 os trabalhos ficaram concluídos em Dezembro de 1926. Foram chamados novos professores: Josef Albers, Herbert Bayer, Marcel Breuer, Gunta Scharon-Stölzl, Hinnerk Scheper, Joost Schmidt.
(Enciclopédia Universalis)

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Contemporâneos - Gafes:Manuela Ferreira Leite

Somos fãs impenitentes dos Contemporâneos.
O Nuno Lopes entusiasma-nos enquanto actores e o Bruno Nogueira tem surpreendido claramente pela positiva.
E neste sketch ambos mostram bem as «qualidades» da actual líder da oposição...

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Mozart - Requiem - Karl Bohm

Terá sido a última obra do genial Amadeus. O Requiem causa-me sempre uma imensa emoção, não tanto por se reportar à morte enquanto omnipresença incontornável dos nossos dias, mas pelo que a vida lhe poderá resistir.
Essas vozes, que se erguem, poderosas, apontam para o justificado inconformismo perante as leis da vida tais quais elas ainda se nos apresentam.
Por isso o interesse pelo que a Biologia ou a Medecina vão anunciando enquanto estratégias para adiar tanto quanto possível esse instante. Querendo acreditar na exequibilidade de um dia se verificar o que um lunático professor de Cambridge anuncia para breve: a possibilidade de se viver mil anos à conta da capacidade para ir substituindo os nossos órgãos internos à medida, que eles vão denunciando a sua imprestabilidade.
Esta notabilíssima versão de Karl Bohm com Christa Ludwig entre as cantoras remete-me para essa luta quixotesca com um adversário ainda demasiado poderoso para contra ele acreditar na possibilidade de uma vitória...

ROBERT WILSON: O CEGO DE SEVILHA

De entre as leituras muito interessantes por que vou dispersando a minha atenção avulta um romance policial de Robert Wilson intitulado «O Cego de Sevilha». O protagonista é Javier Falcon, o inspector da Brigada de Homicídios da cidade andaluza, a quem uma sucessão de crimes irá suscitar uma crise íntima muito complicada.
O primeiro morto é Raul Jimenez, um empresário de sucesso da área da restauração, cujo corpo aparece amarrado e de olhos abertos para uma cassete pornográfica com mais de vinte anos e aonde a sua actual mulher, Consuelo, actuava como uma das participantes.
O adjunto de Javier, o ambicioso Ramirez, que não esconde o desejo de lhe ficar com o lugar, aposta na culpabilidade da viúva, até pelos benefícios imediatos inerentes a essa súbita condição. Mas Javier não está disposto a guiar-se por tais evidências. Tanto mais, que se segue logo outro corpo, o da meretriz Eloisa com quem Raul tivera relações exactamente antes de ficar à mercê do seu assassino.
Aprofundando a sua investigação, Javier descobre que o morto começara por enriquecer em negócios obscuros em Tânger e de lá viera com a família depois do rapto do filho, Arturo, que nunca mais chegaria a aparecer. Nessa época ele estava casado com a primeira mulher, precocemente levada pela doença e com quem Consuelo se parecia como se dela fosse papel químico.
Mas Javier remete-se igualmente para a relação com o pai, um famoso escritor em cuja casa ainda mora e cujas memórias escritas ele começa a investigar. Para perceber, igualmente, o quanto Tânger também para ele fora o ponto de partida para a carreira e como, ainda antes de enviuvar da primeira mulher, já ele mantinha uma relação clandestina com quem viria a ser a sua segunda mulher.
Pressentindo o quanto este caso irá mexer com o que ele próprio está a vasculhar no seu passado, Javier sente-se em íntimo desequilíbrio não sabendo como iludir a longa jornada de cada noite: A casa era uma prisão, o quarto uma cela, a cama um catre em que era torturado todas as noites.

sábado, novembro 29, 2008

Teremos sempre Paris!

É uma das cenas inesquecíveis da História do Cinema. Bogart e Bergman a despedirem-se no aeroporto de Casablanca e aquele a dizer que, por muitas voltas o mundo dê, a ambos há algo que ninguém lhes retirará: os momentos felizes partilhados a dois...
Por isso há que ir acrescentando tais momentos sempre na convicção de que, mesmo tardando a Utopia, vão crescendo em nós essas gratas recordações de cumplicidades alimentadas...

segunda-feira, novembro 17, 2008

UM HOMEM SEM RUMO

A peça de um dramaturgo norueguês Arne Lygre é bastante actual no que diz respeito à ambição ilimitada, à avidez pelo dinheiro ou à solidão de todos, mesmo quando se fazem rodear por supostos familiares.
Mas, sobretudo, permite ao elenco da Comuna mostrar os excelentes actores, que ali se exprimem. Aos já conhecidos Carlos Paulo, Jorge Andrade ou João Têmpera, juntaram-se três actrizes de notável capacidade não só na sua dicção, mas também na capacidade para exprimirem os sentimentos, que as trazem àquele fiorde aonde antes nada havia e onde, trinta anos depois, está uma cidade.
A encenação de Álvaro Correia é bastante funcional, aproveitando o espaço da sala de uma forma bastante eficaz. Pena foi que, num domingo à tarde, fossem apenas duas dezenas os espectadores privilegiados com um esforço honesto e competente de tão esforçado elenco...

domingo, novembro 16, 2008

A VISITA À YORK HOUSE

Era um daqueles espaços míticos pelos quais se passa tantas vezes e relativamente aos quais se repete a curiosidade sobre o que o caracterizará lá dentro. Na Rua das Janelas Verdes a York House era um desses exemplos mais paradigmáticos até esta tarde, quando a experiência gastronómica no seu restaurante A Confraria suscitou apreciações extremadas: a sopa, por exemplo, de cogumelos com miolo de vieira foi dos melhores ágapes conhecidos nos últimos tempos. Mas os pratos de peixe desiludiram: o cozinheiro Nuno Diniz anda a ganhar progressivo prestígio, mas revela-se demasiado afeiçoado às gorduras para os nossos hábitos alimentares.
Mas o espaço em si corresponde ao que se espera de um hotel de charme: com um espaço ao ar livre sobre as árvores, que deverá ser particularmente agradável na Primavera ou no Verão, e o acesso da porta de entrada à recepção do restaurante faz-se por escadas alusivas ao espírito romântico, que deverá ter estado no espírito de quem fundou esta conhecida casa.
Foi, pois, experiência curiosa para desmistificar a ideia superlativa dela criada, mas não tão entusiasmante quanto prenunciava a degustação da referida sopa…

A exposição na Ellipse

A Fundação Ellipse fica em Alcoitão e constitui um dos mais interessantes espaços aonde se pode apreciar arte contemporânea no nosso país. Embora tenha nascido com maior ambição - nesta altura só abre três dias por semana - a quase ausência de visitantes é bem o espelho de um tempo e de um espaço avessos às preocupações culturais, sobretudo se elas se revelam demasiado ousadas para as embotadas mentes de muito boa gente.

Afinal quem anda  a fazer queixa à ERC a propósito dos sketches dos Gatos Fedorentos ou dos Contemporâneos passariam por horrores se vissem quadros, esculturas ou fotografias, que remetem explicitamente para sexualidades exuberantes e muito pouco convencionais.

Há a óbvia prisão da sensibilidade feminina segundo Louise Bourgeois, as experiências singulares de Matthew Barney ou de Baldassari, as fotografias dos amigos de Nan Goldin ou as telas singulares de Julião Sarmento.

No vasto espaço as obras respiram, possibilitam uma apreciação sem constrangimentos. E existem dois vídeos curiosos, sobretudo o de uma mulher de origem árabe, que utiliza meios ambiciosos para expressar os limites colocados às mulheres num mundo dominado pelas religiões. Sem entusiasmar por esta ou aquela obra em si, a exposição vale pelos estímulos por todas suscitados.

domingo, novembro 09, 2008

Geração Iraque

«Geração Iraque», um filme de Barbara Necek, começa por parecer um filme ambíguo em relação ao tema abordado: o estado de alma dos jovens soldados em plena formação antes de seguirem para o Iraque.  Muito jovens, nos seus dezanove ou vinte anos de idade, eles papagueiam o discurso oficial, que os torna defensores do modo de vida norte-americano ameaçado pelo terrorismo e a missão respeitosa de levar a outrem os ideais de democracia.

Esse lado propagandístico, que faz pensar numa encomenda do próprio Pentágono para justificar as suas estratégias, ainda continua bem presente, quando se constata a criação de nove ou dez aldeias no deserto junto a San Diego para dar aos recrutas as condições mais aproximadas possíveis do cenário com que se irão deparar.

Emigrantes árabes até aumentam a credibilidade de tal simulacro, ao acederem a comportarem-se como figurantes pagos a 25 dólares à hora, assumindo os personagens imaginados pelos criadores de tal megaprodução.

Mas o aliciante do filme resulta da sageza da realizadora em pôr os jovens recrutas a falar, deixando-os enlearem-se nas suas contradições. Afinal os outros estão na sua própria terra e estes ocidentais não deixam de ali chegar como invasores. «Tenho de reflectir melhor sobre o assunto!», diz um desses rapazes, confundido no que diz e silencia e a candura do olhar a dar lugar a inesperada surpresa.

E, quando a realizadora os confronta entre a inexistência de qualquer relação entre os autores dos atentados do 11 de Setembro e os iraquianos ainda mais veemente é a reacção de embaraço nos seus interlocutores.

Um filme, pois, que não deixa de ser elucidativo sobre uma das muitas realidades do país que Barack Obama se prepara para liderar...

 

sábado, novembro 08, 2008

Recordar Serge Reggiani

Há dias o programa do Júlio Machado Vaz e da Inês Meneses na Antena 1 deu-me a possibilidade de recordar uma bela canção de Moustaki cantada por Serge Reggiani: «Tes Gestes».
Infelizmente aqui pelo You Tube não a encontrei para aqui a propor a quem aqui vem consultar os sons, as palavras e as imagens por mim prezadas.
Mas fica a oportunidade para evocar um cantor, que marcou gerações com poemas musicados sobre as multiplas formas de liberdade...

Verdade, Humildade e Solidariedade

Verdade, Humildade e Solidariedade. O título do livro de João Ermida, cuja leitura agora inicio.

Trata-se do relato de um antigo responsável por instituições bancárias que, subitamente, começou a ser tomado de crises de pânico relacionadas com o seu progressivo estado depressivo. Essa crise vai facultar-lhe uma súbita lucidez relativamente ao cenário aonde se julgara realizar profissionalmente nos anos anteriores. E que caracteriza como pejado de pessoas sem qualidades humanas, apenas apostadas em sobreviver independentemente do que tiver de fazer para tal. Um ambiente não só sem amigos, mas com o risco de se ser vítima de facadas nas costas  à menor distracção.

Numa altura em que o capitalismo está a viver uma crise profunda, este é daqueles livros de utilidade evidente para procurar discernir algumas pistas pertinentes para a compreensão do que estamos a viver...

 

domingo, novembro 02, 2008

PORQUE NÃO VOU VER A LISA EKDAHL

Não deixa de constituir uma surpresa: a quase duas semanas do seu espectáculo no CCB, a cantora Lisa Ekdahl já praticamente esgotou a sala.
Frustrada ficou, pois, a possibilidade de colhermos ao vivo as emoções derivadas de um jazz cheio de glamour.

UMA EXPOSIÇÃO EM MADRID

Em Madrid, na galeria La Fabrica, está a decorrer uma exposição do fotógrafo norte-americano Helmut Newton e intitulada «Visionando la Mujer del Nuevo Milénio».
Oportunidade de excepção para apreciar as imagens deste artista nascido em Berlim em 1920 e falecido em Los Angeles em 2004.
O seu tema de eleição era a Mulher, não no conceito em que existia no seu tempo, mas no que ela não tardaria a assumir logo a seguir. Como alguém comentaria, com Newton as mulheres superam a sua condição de objectos sexuais para sujeitos sexuais.
Por isso ele inovará: «Evitei tanto quanto possível fotografar em estúdio. Ao fim e ao cabo, uma mulher não passa a vida sentada ou de pé contra um papel de parede. Embora isso não facilite o meu trabalho, prefiro sair à rua com a ciência, enfiar-me me locais públicos e privados que geralmente só as pessoas ricas frequentam. Foram sempre esses lugares, normalmente inacessíveis aos fotógrafos, que mais me estimularam.»

A TRÊS DIAS DA MUDANÇA

A três dias das eleições norte-americanas cresce a ansiedade em relação ao seu resultado. Tudo parece bem encaminhado para que Barack Obama venha a ser o primeiro presidente de cor a sentar-se na Casa Branca, mas até à madrugada de terça-feira será sempre possível uma qualquer forma de reviravolta, que torpedeie as esperanças de milhões de pessoas em todo o mundo, expectantes quanto à possibilidade de se estar a anunciar uma nova era.
Não é que a nova Administração signifique necessariamente uma ruptura em relação à actual, mas esta é daquelas ocasiões passíveis de exemplificar como, às vezes, a forma pode sobrepor-se em importância ao conteúdo.
E os indivíduos acabam por ter maior importância no desenlace de grandes acontecimentos históricos do que as movimentações de classes pressupostas pela análise estritamente marxista.
É, aliás, isso mesmo o que Nigel Townson sugere, quando dá dos mandatos de George W. Bush um veredicto arrasador: «A invasão do Iraque foi um dos acontecimentos mais desestabilizadores e destrutivos desde a Segunda Guerra Mundial. As suas consequências vão perdurar durante séculos. Neste caso particular, a análise contrafactual mostra claramente a importância decisiva dos indivíduos em certos momentos da História.»