A Fundação Ellipse fica em Alcoitão e constitui um dos mais interessantes espaços aonde se pode apreciar arte contemporânea no nosso país. Embora tenha nascido com maior ambição - nesta altura só abre três dias por semana - a quase ausência de visitantes é bem o espelho de um tempo e de um espaço avessos às preocupações culturais, sobretudo se elas se revelam demasiado ousadas para as embotadas mentes de muito boa gente.
Afinal quem anda a fazer queixa à ERC a propósito dos sketches dos Gatos Fedorentos ou dos Contemporâneos passariam por horrores se vissem quadros, esculturas ou fotografias, que remetem explicitamente para sexualidades exuberantes e muito pouco convencionais.
Há a óbvia prisão da sensibilidade feminina segundo Louise Bourgeois, as experiências singulares de Matthew Barney ou de Baldassari, as fotografias dos amigos de Nan Goldin ou as telas singulares de Julião Sarmento.
No vasto espaço as obras respiram, possibilitam uma apreciação sem constrangimentos. E existem dois vídeos curiosos, sobretudo o de uma mulher de origem árabe, que utiliza meios ambiciosos para expressar os limites colocados às mulheres num mundo dominado pelas religiões. Sem entusiasmar por esta ou aquela obra em si, a exposição vale pelos estímulos por todas suscitados.
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