terça-feira, dezembro 18, 2018

(DIM) «Testemunha de Acusação» de Billy Wilder (1957)


Eu wilderófilo confesso o pecado de nunca até agora ter visto este «Testemunha de Acusação», que o realizador de «Irma La Douce» assinou em 1957 e mereceu seis nomeações para os Óscares do ano seguinte.
Baseado numa peça teatral de Agatha Christie tem a sua metade final passada em tribunal, quando o rabugento Sir Wilfrid Robarts tenta inocentar o seu cliente, Leonard Vole, que acredita piamente nada ter a ver com o assassinato de uma viúva, que lhe acabaria por legar oitenta mil libras no testamento.
A tarefa adivinha-se difícil, embora não tenhamos dúvidas, quanto a ser cumprida com talento. E, ademais, a testemunha em que o advogado melhor apostava - a mulher do acusado - vai depor contra ele, denunciando-o como efetivo autor do crime.
Marlene Dietrich é essa Christine Helm, afinal casada duas vezes, uma na Alemanha de Leste e outra ali em Inglaterra, e detestada pela assistência do julgamento, que a considera fria e calculista, decerto apostada em se livrar do incómodo pinga-amor para viver aventura amorosa mais excitante com um qualquer outro valdevinos.
Afinal o feiticeiro das leis é completamente ludibriado num jogo, que tem um final repleto de surpresas. A tal ponto que os distribuidores de então incitavam os espectadores a não contarem o final a quem ainda não tivesse visto o filme a fim de lhes não estragar o efeito de surpresa.
Acresce que Billy Wilder e Harry Kurnitz, quando criaram o argumento, não tinham previsto as bem sucedidas picardias de Sir Wilfrid com a enfermeira, que todos os seus movimentos vigiava, mas logo acrescentadas quando souberam quem representaria os dois papéis: o casal que Charles Laughton e Elsa Lanchester constituíam na vida real. Essas alterações tinham sido uma forma dos autores da estória fazerem o que mais os divertia: brincarem com quem trabalhavam.

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