terça-feira, dezembro 11, 2018

(DIM) «Borom Sarret» de Ousmane Sembène (1963)


É provável que este tenha sido o primeiro  filme da África subsariana realizado por um negro. Influenciado pela nouvelle vague, Ousmane Sembene mostra um dia na vida de um pobre diabo, que tenta ganhar o sustento da família com o transporte de pessoas na sua carroça pelas ruas de Dacar.  Os clientes tanto podem ser uma grávida, que tem de levar à maternidade, como a família de um miúdo, cujo cadáver importa transportar para o cemitério. A paga é fraca e, quando é alguma coisa que se veja, vemo-lo espoliado por um talentoso praticante do conto do vigário.
A tragédia agrava-se, quando é contratado para levar um passageiro á parte mais abastada da cidade, onde o trânsito de carroças é proibido. Apanhado pela polícia, vê-se desapossado do seu meio de ganhar a vida, aparece em casa ao fim do dia sem dinheiro para o jantar.
Expedita, a mulher logo dele se despede, prometendo-lhe trazer comida, deixando-nos a sugestão como fará para a conseguir.
Trata-se, assim, de um filme assumidamente político, entre o documentário e a ficção, que tratava de demonstrar o quanto estava por fazer num país, o Senegal, apenas chegado à independência três anos antes. Infelizmente, quando por ali passei várias vezes nos anos noventa, as mudanças quase não se tinham feito sentir para os seus mais desvalidos cidadãos.

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