sexta-feira, dezembro 14, 2018

(DIM) «Batalha do Pacífico» de Guillermo del Toro (2013)


Costumo fugir como gato de água fria daquele tipo de filmes de grande orçamento, que servem de pretexto para os adolescentes de idade, e também de imaturidade, ruminarem doses substanciais de pipocas. No entanto, porque convém conhecer outras realidades, que não só as que nos dão conforto, e porque o filme mais oscarizado deste ano levou tanto gente a multiplicar encómios a respeito do seu realizador - Guillermo del Toro - dispus-me a ver um título seu, já com cinco anos, preparando-me para nele reconhecer uma boa surpresa.
Lamentável engano: não vi muitos títulos que desqualificasse como maus no ano que agora finda. Não forçando exageradamente a memória recordo-me de um particularmente mau com Brad Pitt e Angelina Jolie, quando ainda se apresentavam como casal modelo de Hollywood. Mas este «Pacific Rim», consegue ser, ainda assim bem pior.
A estória passa-se num futuro, quando uma brecha no leito do Pacífico permite o acesso a para esta dimensão de uns monstros terríveis, os kaijus, que vão destruindo algumas grandes metrópoles. Ademais um dos cientistas mobilizados para combater a ameaça descobre que tais monstros mais não são que a guarda avançada de um exército colonizador preparado para tomar conta do planeta após a depuração de todos os seus habitantes. A partir dessa ideia, fornecida pelas legendas que antecedem o genérico inicial, acontece o costume: heróis irrepreensíveis, preparados para exorcizarem lutos ou males incuráveis, a entregarem-se sem medo aos combates com os inimigos, havendo outros, arrogantes e incapazes de pensarem no interesse do grupo, a redimirem-se porque se sacrificam em prol de quem haviam menosprezado. Há o amor assolapado de dois protagonistas - heterossexual, entenda-se, que as «modernices» ainda não chegaram a este tipo de chicletes! - e algumas tentativas de gags, pensados para fazer rir os espectadores mais alarves, mas tão mauzinhos, que só os mais idiotas terão arreganhado a dentuça. Os momentos hilariantes acabam por ser involuntários, porque pretendendo ser heroicos, só conseguem ficar-se pelo ridículo.
Dir-se-á que os meios postos à disposição de Toro foram suficientes para darem alguma verosimilhança aos monstros e aos combates. Outros, igualmente complacentes, enfatizarão a abordagem contemporânea dos filmes japoneses dos anos 50, quando «Godzilla» e as suas réplicas assombraram plateias, transidas de medo perante os efeitos nefastos do prometido apocalipse nuclear.
Embora o filme tenha faturado muito mais do que custou fazê-lo, e tenha conseguido algumas críticas positivas, fica como o pior filme que vi neste ano de 2018. Espero que as duas semanas em falta não me deem outra coisa tão indigesta para consumir.

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