terça-feira, dezembro 04, 2018

(DIM) «Alenka», um belo filme que Boris Barnet realizou em 1962


Dificilmente terá havido maior diferença entre a realidade e a sua mistificação, do que a conhecida na União Soviética. Álvaro Cunhal explicaria um dia que o grande problema dessa disparidade havia sido o facto de ter sido concebida para homens perfeitos, sem os grandes defeitos, que acabam por ser as características bastantes para serem humanos e não propriamente robôs.
Quando pisei o primeiro dos portos soviéticos, que visitei nos anos de marinheiro ainda nas graças do mar, vi-me numa ambivalência entre o que via e o que desejava ver. Estava-se no inverno de 1975 e não podia imaginar o que viria a suceder década e meia depois. Acreditei, pelo contrário, que quem sucedesse ao malquisto Brejnev - realmente impopular nos interlocutores com quem aí consegui falar de política! - poderia devolver o regime às melhores expetativas criadas na sua origem.
O belo filme «Alenka», a exibir-se na Cinemateca neste fim de tarde, e de que fica aqui o link para a sua visualização sem legendas, foi o penúltimo realizado pelo veterano Boris Barnet em 1962 e é um road movie em que uma miúda acompanha a família na viagem para o Cazaquistão, para onde emigram, e vai ouvindo as histórias dos companheiros de viagem, muitas delas elucidativas quanto ao espírito pioneiro dos que ajudavam as grandes vastidões asiáticas a concretizarem os sonhos coletivos. Os tais em que gostaríamos de ter acreditado...

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