segunda-feira, dezembro 10, 2018

(DIM) «The Ballad of Buster Scruggs» de Joel & Ethan Coen (2018)


Era para ser uma série, mas tornou-se num filme por sketches. Tem James Franco, Liam Nesseon ou, sobretudo, Tom Waits, surgem como atores, mas fica denunciado o crepuscular definhamento da mestria dos irmãos Coen: «The Ballad of Buster Scruggs» constitui o regresso dos realizadores ao universo do western, mas denota heterogeneidade entre as várias estórias, algumas interessantes, mas outras falhadas nos propósitos, ora por debilidade do argumento, ora por apressada concretização.
O mais indigesto está logo no início com um hábil e arrogante pistoleiro, convencido dos seus dotes de cantor, mas vencido por quem se revela mais destro nesses talentos. A História do Cinema teve a sua quota parte de cowboys cantores (Gene Autry ou Roy Rogers), mas este, que aqui se apresenta, é demasiado  inepto para nos deixar convencidos, tanto mais que o amadorismo dos cenários também não ajuda.
A história seguinte é mais interessante, até por conseguir divertir, com James Franco no papel de um condenado à forca e um sangrento ataque dos índios. Mas, além da opção pelo exagero quase de banda desenhada fica, igualmente, à vista a utilização de efeitos especiais inesperadamente básicos.
Segue-se ó sketch com o contido Liam Neeson em que um artista ambulante mostra-se particularmente versátil na recitação do reportório, mas tomado de singular afonia, quando retorna ao espaço privado. Vem a seguir Tom Waits no papel de um garimpeiro incansável na obsessiva busca do filão, que o poderá enriquecer. As melhores imagens do filme estão nesta parte em que a natureza selvagem recupera a sua condição, tão-só liberta da presença humana.
As duas estórias que concluem o filme voltam a ter interesse limitado: numa temos um romance amoroso numa caravana em direção ao Oeste selvagem e, na outra, surge uma variação bergmaniana do tema da Morte, aqui com um seu emissário a conduzir os passageiros de uma diligência.
Na conclusão podemos constatar que os Coen quiseram ilustrar os vários temas do género - o duelo, os índios, o roubo, as caravanas, etc. - mas, seja porque os meios de produção foram escassos, seja porque o empenho não bastou, o resultado fica aquém do que deles seria licito esperar.

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