sexta-feira, novembro 04, 2016

(DL) Arnaldur Indridason, «A Mulher Vestida de Verde» (3)

No romance de Arnaldur Indridason vem ao de cima um episódio histórico pouco conhecido entre nós: durante a Segunda Guerra Mundial a Islândia albergou bases inglesas, que ali tinham militares de reserva para o esforço militar distribuído pelos quatro cantos da Europa.
Na investigação sobre a identidade do esqueleto encontrado no início desta história, os investigadores do Departamento de Homicídios, consideram pertinente a conversa com Edward Hunter, um antigo comandante daquela base e que, casando com uma islandesa, radicara-se na ilha.
Ele recordou-se de um caso de roubo no entreposto militar de mantimentos, que envolvera o islandês residente numa das casas da colina adjacente, com a mulher notoriamente vítima de violência doméstica, e com os três filhos, a mais velha das quais deficiente.
Segundo conta, essa mulher fora o ser humano, que mais lhe merecera compaixão em toda a sua existência, por procurar, sem sucesso, esconder a sua vergonha. Ora ela começaria a ser visitada por outro militar inglês, David Welch, quando o marido fora encarcerado por causa desse roubo.
Simon, Tomas e Mikkelina nunca tinham sido tão felizes como nessas semanas de ausência forçada do progenitor. E a mãe, que se passeava amiúde com o novo namorado, ainda mais razões tinha para assim se sentir.
A história evolui com a incompatibilidade do ADN de Solveig, a  desaparecida noiva de Benjamin, com esses ossos desenterrados.  Confirma-se, aliás, que a sua indesejada gravidez resultara da violação a que um sobrinho do pai a sujeitara e justificação bastante para se fazer desaparecer nas águas do mar.
No local onde o macabro achado fora encontrado, Erlandur descobre a velha Mikkelina, que lhe desvenda o resto do mistério: a exemplo de muitos outros colegas, Dave fora mobilizado para outro teatro de guerra sem conseguir acorrer em socorro da namorada, cuja vida se encontrava ameaçada pelo iminente regresso de Grimur a casa.
Como estava grávida, é essa criança, que ele promete matar logo à nascença para omitir a vergonha de se sentir marido enganado.
Para evitar esse crime, ela decide administrar veneno em porções progressivamente crescentes na comida do escroque, mas ele descobre o sucedido e tenta matá-la. É nessa altura que o ainda muito jovem Simon lhe espeta uma faca no peito, salvando a mãe, mas não conseguindo evitar a morte do bebé acabado de nascer.
Nessa noite Simone e a mãe tinham enterrado Grimur e o enteado na cova, donde se procedera à exumação dias atrás.
Além de Mikkelina, bastante recuperada da sua deficiência passada, Simon ainda está vivo, mas internado num hospital psiquiátrico, onde Erlandur e Ellingborg o visitam.
Para concluir num final feliz, Erlandur recebe a notícia do hospital sobre a filha, enfim recuperada do estado de coma em que vivera todos aqueles dias. Haverá, porventura, a possibilidade de um novo recomeço...

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