domingo, novembro 13, 2016

(DIM) «Mahjong» de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

Sendo um dos festivais de cinema mais antigos de quantos se organizam anualmente em Portugal o dedicado ás curtas-metragens em Vila do Conde vem comportando, nos anos mais recentes, a produção de filmes no âmbito do projeto Estaleiro.
Realizados por nomes consagrados da nossa cinematografia, obriga à colaboração com alunos de uma escola do Porto, comprometidos nas várias componentes técnicas de tal produção.
Foi, nesse âmbito, que surgiu «Mahjong» cujo tema se relaciona com o interesse manifestado pela dupla de realizadores com os ambientes do Extremo Oriente e demonstrado quer em curtas («Alvorada Vermelha»), quer em longas-metragens («A Última Vez que vi Macau»).
Acontece que, nas redondezas de Vila do Conde, fica uma das maiores concentrações de armazéns chineses do nosso país. É na Varziela, por algum tempo transformada numa espécie de Chinatown em versão lusa. Um ambiente propício para a atmosfera de mistério em que o filme nos mergulha graças à música impressiva de Luís Fernandes.
A cinefilia leva-nos a pensar em ambiências ao gosto de David Lynch, com o protagonista a percorrer de carro as ruas desérticas na noite escura. O seu trajar e o chapéu remete-nos para outra referência cinematográfica: o Lemmy Caution, interpretado por Eddie Constantine, na versão de Jean Luc Godard.
Por um telefonema percebemos, que o personagem anda a procura da mulher com que casara, decidido a encontra-la nem que seja a última coisa feita em vida.
E ocorre, de facto, esse desenlace trágico, quando é o melhor amigo quem lhe vem anunciar a morte dela e dar-lhe o mesmo fim. Porque do que estaria ele à espera, quando sabia da proibição de relacionamentos amorosos inter-raciais?


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