quinta-feira, novembro 03, 2016

(A) As estátuas de Volgogrado

Uma das cidades russas, que lamento não ter conhecido, foi Volgogrado, a antiga Estalinegrado, particularmente por ter sido ali a definir-se a viragem dos acontecimentos durante a Segunda Guerra Mundial. Durante muitas semanas, com pequenos avanços e recuos de ambos os lados, clarificou-se ali se o Império por mil anos de Hitler iria por diante ou se acabaria destroçado como viria a acontecer.
A derrota do exército nazi e dos seus colaboracionistas ucranianos precipitou a dinâmica inversa com o Exército Vermelho a avançar, primeiro lentamente, mas depois com rapidez crescente até à tomada de Berlim.
Na colina onde ocorreram combates decisivos está hoje a gigantesca estátua do Apelo da Mãe Pátria, com a sua figura feminina a brandir a espada em desafio contra quem ouse ameaçar os seus filhos.
Concebida no obrigatório estilo do realismo social pelo escultor Evgueni Vourtcheitch, ela foi inaugurada em 1967. Mas é, igualmente, uma proeza de engenharia cujo mérito cabe a Nikolai Nikitine, porque não estando fixa em ponto algum, ela permanece ereta graças ao seu peso. De facto, a sua altura de 85 metros comporta 5500 toneladas de betão e 2400 de metal. Só a espada em si tem 33 metros e pesa 14 toneladas.
Sem pedestal ela é a maior estátua existente a nível mundial e a segunda, depois da representativa da Liberdade em Nova Iorque, se se levar em conta esse assentamento.
Volgogrado já possuía anteriormente uma gigantesca estátua erigida à beira do rio e dedicada a Estaline. Mas, uma noite, em 1961, sem pré-aviso, ela desapareceu depois da sua memória ter caído em desgraça no consulado de Kruschev.
Semanas depois e novamente sem anúncio de que tal iria acontecer,  o pedestal passou a contar com a maior estatua de Lenine existente na Rússia, que continua a ser um dos grandes motivos de atração de quem visita a cidade.

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