sábado, julho 26, 2014

FILME: «A Datilógrafa» de Régis Roinsard (2012)

Às vezes sabe bem ver uma comedia romântica levezinha e bem feita, que permite distrair das preocupações engendradas por este mundo pejado de injustiças e desigualdades. Sobretudo se, como aqui acontece, a produção assegura uma reconstituição perfeita do guarda-roupa, da arquitetura e das idiossincrasias do final da década de 50. E conta com a interpretação exemplar de Romain Duris e Deborah François,
Rose Pamphyle personifica na perfeição o estereotipo das protagonistas dessa época: loura, fresca e ingénua. O seu sonho é ser secretária, que considera o mais conforme com o seu ideal de modernidade.
Um pequeno anúncio leva-a ao escritório de Louis Echard, que é agente de seguros e veste outro arquétipo da época: um canastrão sempre de fato como se saído diretamente dos cenários da série «Mad Men».
Depressa se conclui que, incompetente em todas as demais funções de secretária, Rose possui um talento especial: datilografa mais rapidamente do que a própria sombra. Ora, uma tal habilidade vale ouro nos então frequentes concursos de datilógrafas.
Impressionado, Louis contrata a rapariga e assume-se como seu treinador. A partir daí mergulhamos a fundo no clima de comédia em que os cenários suscitam a nostalgia. 
Recorrendo aos processos narrativos do género, que implicarão avanços e recuos na relação entre ambos, o happy end comporta o jackpot do amor eterno e da vitória dela como a mais rápida datilógrafa de todo o mundo. Sem, no entanto, deixar de estar subjacente a vertente da emancipação feminina, com Rose cada vez mais afirmativa e Louis a perder a sua arrogância inicial.


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