Martin é um trompetista em crise: num concerto abandona o palco e Kristina, a namorada, acaba por o pôr na rua, por tornar-se insuportável a vida por ambos partilhada.
Temo-lo, assim, reduzido à condição de sem abrigo, ganhando o sustento a tocar nos corredores do metropolitano. É aí que, um dia, descobre morta uma mulher a quem fica com o saco dos escassos pertences. Entre os quais uma espécie de diário cuja leitura o obceca: a lenta deriva de Hanna da sua vida burguesa para aquele desiderato trágico fascina-o ou não esteja ele apostado num processo de auto-destruição similar.
Vale-lhe porventura a altercação com outro sem abrigo nos corredores do metropolitano e a sua condenação a 320 horas de trabalho comunitário num cemitério.
É essa rotina e o interesse nele manifestado pela jovem Maggie, aí também assistente, que o trazem de volta à realidade, acabando por compor a música para um CD em que os poemas da infeliz lhe estimulam a criatividade.
O filme é fraquinho, apesar da música de Nils Peter Molvaer: num registo semelhante «Alice«, filme português sobre um pai à procura da sua filha desaparecida, é bastante mais consistente.
Convenhamos que, hoje em dia, o cinema alemão está distante da época em que Fassbinder, Herzog, Straub, Wenders e Syberberg iam-lhe criando uma identidade singular e estimulante
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