Don’t Look Back é um documentário que acompanha a digressão de 1965 de Bob Dylan pelo Reino Unido.
Na época Dylan era um jovem arrogante, sempre disposto ao confronto com quem dele pudesse discordar e vivia a relação amorosa com Joan Baez. Uma das cenas mais recordadas do filme é precisamente quando ambos cantam temas de Hank Williams num quarto de hotel.
Sucedem-se assim as cenas de bastidores com entrevistas, conversas com elementos do staff ou outros músicos que o visitam como Alan Price ou Donovan, ou mesmo poetas do calibre de um Allan Ginsberg. Acrescentando-se-lhes extractos do concerto no Royal Albert Hall.
Comecei a ouvir falar deste filme alguns anos depois, quando costumava passar nas Quinzenas do Monumental ou nos ciclos do Império, que faziam convergir estudantes de todas as faculdades lisboetas ao Saldanha ou à Alameda ao fins da tarde dos dias de semana. Só não lembro se o vi ainda antes ou depois do 25 de Abril. De qualquer forma fazia, então, todo o sentido o poema que diagnosticava um tempo de mudança. Mesmo se aquela a que aspirávamos já nada tivesse a ver com Dylan, que desde o seu desastre de mota mudara de voz, de discurso e de valores. Se é que alguma vez ele terá justificado as expectativas ideológicas nele investidas por um Pete Seeger, que tanto contribuira para ele sair do anonimato e chegar ao estrelato, enquanto possível sucessor de Woody Guthrie.
O filme é, pois, um documento sobre um momento específico da vida de um cantor, que já passou por tantas fases, mas nunca se conseguiu dissociar desta, que foi a mais marcante do seu percurso.
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