Quando o resultado da guerra estava a inflectir-se a favor dos Aliados, Himmler organizou um comércio de judeus como forma de os poder trocar por dinheiro ou por armas. As fábricas alemãs, fosse por falta de matéria-prima, fosse por terem sido bombardeadas, já não produziam então as quantidades necessárias para o esforço bélico nas várias frentes.
Outra via negocial de Himmler orientava-se para os compatriotas radicados na América e para quem a entrada desta na guerra significara o seu internamento em campos de concentração. Trocá-los por prisioneiros judeus foi outra possibilidade, que ele não descurou.
É assim que cerca de sete mil judeus de Bergen Belsen, muitos deles crianças, irão escapar ao Holocausto para que pareceriam inevitavelmente condenados. Passadas seis décadas algumas dessas testemunhas das epidemias, da fome, da morte como espectáculo banalizado do quotidiano, dão aqui o seu relato.
Quem do lado judeu negociou essa transacção sabia tratar-se de um pacto com o Diabo, chamasse-se ele Adolf Eichmann ou um dos seus colaboradores mais próximos.
Em Bergen Belsen os prisioneiros, que aguardavam o momento de servirem dessa moeda de troca, não tinham ilusões sobre o que se passava no bem próximo campo de Auschwitz: os sapatos retirados dos que iam morrendo cremados nos fornos eram para ali enviados a fim de ser recuperado o couro neles aplicado.
Kastner e Joel Brand pretendiam salvar um milhão de judeus, mas o resultado do seu esforço seria muito mais limitado.
Mais tarde ele seria objecto de ostracização em Israel aonde se radicou e onde seria assassinado em 1957: muitos consideravam-no um traidor, apesar de, á partida, ele ter começado nesse comércio imoral para salvar alguns dos seus familiares mais próximos…
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